Zillion

Não acho que preciso apresentar, mas por via das dúvidas

 

Zillion foi produzido para promover as vendas da pistola de lasertag da Sega, e mais importante, a pistola Light Phaser do Master System. Então enquanto os donos de Nintendo ficavam com uma arminha furreca pra um ou outro joguinho igualmente requenguela, os proprietários do Master desfrutavam de bons jogos com sua Zillion. Eu me sentia o Dirty Harry com uma arma laser.

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Também foram feitos para o Master dois jogos, Zillion, o primeiro “Metroidvania”, onde J.J se infiltra em uma base noza para libertar Apple e Champ. Depois é possível trocar de personagem e cada um tem características diferentes. É um jogo legal, com powerups, segredos e tals, mas ter que ficar anotando os códigos para colocar nos computadores em praticamente todas as telas é de enlouquecer.

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Zillion II The Tri-formation é mais voltado para ação, alternando fases no controle do triciclo Tricharger, que pode virar uma armadura fodona e ação à pé, onde ainda é possível mudar de personagens. É um jogo difícil logo de cara e pode ficar insano nas ultimas telas.

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Os jogos talvez valham uma olhada mais profunda futuramente.

E o desenho.

Lançado em 1987 com 31 episodios, chegou no Brasil em 1988 , num período de “entressafra” terrível. Depois das exibições de Patrulha Estelar e antes de Cavaleiros do Zodiaco. Era uma época negra. Zillion trouxe a luz. E era um feixe de luz vermelha.

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É interessante pensar as diferenças entre a animação japonesa e americana e mesmo a japonesa de hoje e a mais antiga, não necessariamente na animação em si. O que quero dizer é que, quando os japoneses resolvem fazer um desenho pra vender um brinquedo eles fazem Zillion, os americanos fazem Ben 10. Se bem que temos também Beyblade…

No futuro distante a raça humana se espalhou por vários planetas e o planeta Maris está sob ataque dos misteriosos Noza. A humanidade está levando um sacode, provavelmente devido ao fato dos noza seram impossíveis de matar com qualquer coisa menor que uma bazuca. Mas vindas sabe-se lá da onde (isso é mais ou menos esclarecido e na verdade nem é importante) surgem três pistolas, capazes de desintegrar o que atingem, e foram chamadas de Zillion.

Como só há três armas, impossíveis de serem reproduzidas, e com uma fonte de energia limitada, foi criada uma força de elite para ser enviada para as missões mais perigosas, a White Knight.

Não há como deixar de mencionar os personagens. A White Knight é formada por Apple, J.J. e Champ, a equipe de campo e Amy, Dave e o sr. Gordon, no controle.

 

Apple é especialista em combate desarmado, primeiros socorros e usa, posteriormente, uma metralhadora Zillion hardcore. Normalmente bem humorada, ainda assim tem pouca paciência para as besteiras que acontecem ao seu redor.

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Besteiras essas normalmente começadas por J.J. É difícil imaginar um cara mais adequado à equipe e ao mesmo tempo menos provável. Ao contrário dos assexuados protagonistas normais de anime, está sempre, o tempo todo, correndo atrás de mulher. Seus níveis de sucesso entretanto, são questionáveis. Apesar disso, compensa no campo de batalha.

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Champ é o líder de campo, normalmente calmo e sempre preciso, é um sniper com tendência a ser arrogante. Com pouco esforço é capaz de ser tão bobão quanto J.J.

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O mais importante e perigoso noza que eles enfrentam é o Barão Ricks. No meu colégio, nas brigas de recreio sobre quem era o melhor vilão, ele sempre vencia o asmático Darth Vader.

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O Opa Opa, estrela dos vários jogos da série Fantasy Zone foi colocado no desenho pela Sega, depois de já ter seus jogos, não o contrário como muita gente acabou achando. Fantasy Zone era bastante popular na nipolandia.

Todos tem pelo menos um episodio dedicado a ele, mas naturalmente os três principais tem o destaque.

Os nozas, enquanto invasores estão nessa pra manter sua espécie. O fato é que sua raça vive em ciclos, onde devem colocar os esporos da nova geração em um planeta viável antes que a atual morra. Se falharem em fazer isso, toda a raça será exterminada. No entanto eles são pouco adeptos a diplomacia e chegam botando pra fuder.

Há de se questionar a competência dos noza, mas o fato de serem impiedosos e intimidantes é inegável. Levamos vários episódios para perceber que esses putos falam por exemplo. E é inegável, o Barão Ricks é um dos modafókas mais apavorantes já animados. Mas é movido por um estranho senso de honra.

Embora tenha envelhecido bem, o desenho não é realmente irrepreesivel e a dublagem brasileira em particular tem seus altos e baixos. E nunca achei, mesmo naquela época, que a voz da Apple era adequada a personagem. Na maioria das vezes, me parecia uma voz de uma mulher bem mais velha do que a personagem parecia ser. Mas pode ser implicância da minha parte.

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Vendo hoje, são notáveis algumas coisas como os padrões de marés do planeta, que devem ser malucos, pois, no decorrer do desenho houveram pelo menos 4 eclipses do sol.

Outra coisa que me ficou mais visível hoje é o grande reuso de imagens, principalmente de nozas sendo esfumaçados ou da decolagem do veiculo de transporte BigPorter, entre outros, eu já havia notado antes, mas não tinha parado pra pensar nisso.

A trilha sonora, desde a abertura até o encerramento são ótimas, com destaque para “Pure Stone”, “PUSH” do encerramento e várias das músicas incidentais também.

Zillion, embora adorado pela galera mais velha, praticamente uma unanimidade, é muito pouco conhecido pelos mais novos. Isso porque nos EUA teve um lançamento bastante pequeno e rápido, nas mãos do Chuck Austen da distribuição de animes, Carl Macek (de Robotech)

Eu tinha isso. Altas diversões

Eu tinha isso. Altas diversões

 

Houve também OVA Burning Night, que se passa em outra realidade, onde os nozas são um tipo de gangue, não há a Zillion e a White Knight é uma banda. Foi feita depois do encerramento da série e, segundo algumas fontes, foi feito quando a produtora (uma subsidiaria da Tatsunoko) havia rompido com  a Sega e perdeu os direitos para usar a arma e a ambientação no desenho, ficando assim com os personagens.

Zillion ainda é um bom anime, que merece ser reassistido ou conhecido hoje em dia, raramente houve uma combinação tão bem feita de personagens carismáticos e historia. J.J. é ainda hoje, um dos melhores protagonistas de qualquer animação, profundamente falho e invariavelmente divertido.

Tem umas versões muito boas, algumas ripadas de DVD, e usando o áudio dublado original (não muito bom na verdade, afinal foi salvo de VHS gravados na tv, mas dentro do possível, excelente). Então não é desculpa pra não ver.

Ainda tenho esse cd, em algum lugar

Ainda tenho esse cd, em algum lugar