Trash Delícia – O Grande Dragão do Futuro.

Faaaaala amiches, sim, estou escrevendo um post e estreando uma nova coluna nessa budega, olha que incrível, a Trash Delícia, onde falaremos de filmes B, quadrinhos toscos, joguinhos vagabundos e todas as merdas que curtimos.

Confesso que foi um pouco difícil selecionar o filme para abrir esse espaço de puro requinte, estava atrás de algo que pudesse sintetizar o espirito da tosquice e não fosse muito conhecido para enaltecer o quão ãndergráudi este blog é. Então parece que alguma entidade podre derramou suas bençãos sobre mim numa dessas minhas andanças desordenadas pelos sebos para gastar meu soldo proletário.

Estava revirando a gaveta de DVDs de artes marciais(uma dica, se forem nos sebos só olhem a seção de artes marciais, terror e western, você encontrará cada perola que nem imagina) quando me deparo com um filme do Daniel Bernhardt, um dos muitos sósias do Van Damme que se proliferou nos anos 90, que inclusive fez três sequencias de Bloodsport ou O Grande Dragão Branco em terras tupiniquins(desse eu falarei outra hora).

Olhei o Titulo e pensei “O Grande Dragão do Futuro, olha só que localizadores safados, indo na onda de outra franquia junto com Ciborg, também do Van Damme com esse filme que provavelmente não tem nada a ver com eles” e pimba, foi dito e feito. Olha só o trailer seguido da sinopse da bagaça:

http://www.youtube.com/watch?v=aZ2t_qzRP-4

“Vindo do futuro, um alienígena escapa do planeta onde seu povo é escravizado, e, ao cair na Terra, traz em seu encalço perigosos Cyborgs, que usam dinossauros predadores para localizar e exterminar escravos fugitivos: Assim se inicia uma alucinante caçada, com confrontos selvagens que deixam um rastro de destruição em todos os lugares por onde passam”

Agora diz ai: um filme trasheira que mistura cyborgs malvados, dinossauros caçadores, viagem no tempo e porradaria é ou não é para se apaixonar?

Tive que seleciona-lo, é trasheira de primeira amiches, começando pelo nome original em inglês “Future War”, que como diria o robozinho do Science Theather 3ooo: “De futuro e guerra o filme não tem nada.”

Mas vamos ao filme:

"Past Predator, Present Alien, Future Terminator" MASTERPIECE!

“Past Predator, Present Alien, Future Terminator”
MASTERPIECE!

 

O filme foi rodado em 1994 e sabe-se lá por que foi lançado em 1997, direto pra VHS, claro.

A parte técnica é de praxe dos filmes vagabundos, atores que foram contratados em algum boteco qualquer perto de Hollywood, perspectivas forçadas para parecer que os dinossauros são maiores, sonoplastia em ambientes fechados com mais eco que o Cu do Dadá  e a montagem dos cenários cheios, ahh, a montagem dos cenários cheios merece uma atenção a parte que analisarei mais a frente, agora vamos por partes:

Começamos muito bem, o produtor e roteirista da bagaça se chama David Hue, “HUE”. Cara, esse maluco profetizou a zoera nessa obra prima.

Ai vemos o Va… quer dizer, o Dani(vou chama-lo assim, é mais intimo e prático) arrastando-se pra fora d’água quando num surto técnico, a câmera escurece a parte de cima do vídeo, e não é problema do YT, pois eu tenho o DVD e tem esse mesmo problema, e não é o disco também, já que eu baixei essa maravilha e tá zoado igualmente.

Agora as coisas começam a ficar boas, aparece o primeiro dinossauro de pano guiando o ciborgue em direção ao Dani… porra, Dani é muito gay, até mesmo pra mim, o nome dele no filme é Runaway(valeu IMDB)!

Prosseguindo, aqui começa os primeiros sinais esquizofrênicos da direção, o Runaway está claramente fugindo do dinossauro acompanhado de seu algoz,  aparenta que ele está no campo de visão do protagonista, mas quando muda o enquadramento pro ciborgue, ele tá indo atrás de um mendigo deitado na praia, e pra rastrear as pessoas ele usa um visor idêntico aos shooters em primeira pessoa da década de noventa. Me senti jogando Free Space, só que ao invés de caçar naves piratas, eu caço sósias do Van Damme.

Depois disso o Runaway escapa pra cidade, cai em cima de mais um mendigo, quebra a cachaça dele e foge berrando igual a um retardado, é quando aparece  UM TIRANOSSAURO REX  DO TAMANHO DE UM POODLE, eles nem tentaram usar de perspectiva forçada para tentar fazer o bicho parecer maior. Com sangue nos zóio, o animal  acaba matando mais um mendigo, maldito réptil elitista.

Toda essa pataquada prolixa que estou escrevendo aqui poderia ser muito bem resumida a esta cena, assistam e vejam como uma briga num labirinto feito de caixas de papelão pode ser tão fatal quanto os cenários do Mortal Kombat, veja que sequências bem orquestradas de golpes de kickboxing podem desestabilizar um androide alienígena enquanto ele tenta te golpear com um cabo de antena de TV. Não tenho muito o que dizer aqui, apenas vejam e guardem bem esse cenário com as caixas de papelão.

Aqui temos aquela cena bonita de introdução ao mundo que lhe é totalmente estranho, do personagem aprendendo a se comunicar tanto pela fala escrita quanto pela oral e dando um show de atuação.  já  Perceba que quando ela tenta ensina-lo  a escrever tudo o que ela faz e colocar as três primeiras letras do alfabeto no quadro, como se isso fosse ajudar alguma coisa, logo após isso, Runway dá um achaque de bambi e quebra alguns vasos na casa da moça.

Uma das cenas mais legais do filme e uma bela homenagem, esse tiozinho que está lendo a revista e é comido pelo dinossauro alienígena é nada mais nada menos do que Forrest J Ackerman, criador da Vampirella, um dos responsáveis por consolidar o gênero de ficção cientifica/Sci Fi(e segundo alguns, ele foi o responsável por cunhar esse termo), criar uma das maiores revistas do segmento, a Famous Monsters of Filmland, que tinha conteúdo abundante sobre filmes de terror, com várias ilustrações maneiras e entrevistas supimpas e ser um dos maiores colecionadores de porcarias relacionadas ao cinema de terror e ficção cientifica do mundo. Ou seja, se você, seu bazingueiro nojento, se acha o nerd por reconhecer o Stan Lee(que só sabe quem é por que viu em TBBT) nos filmes da Marvel, queria ver ter pego essa, true hardcore shit, nigga!

Rá, o que eu falei sobre as caixas de papelão? essa é a reta final do filme, é tá uma bagunça do caralho, primeiro porque o chefe de policia(que caça dinossauros alienígenas) acha eles na rua e decide leva-los consigo para o local onde foi reportado atividade de répteis extraterrestres, eles chegam no local com uma equipe de três soldados, e um deles é um nerd tetudo que tem cara de jogador de RPG no porão da avó. Agora tem a única cena gore do filme que é mostrada enquanto o Runaway conta como a vida é dificil lá no espaço com os dinossauros comendo as “ferramentas”(é como os ciborgues chamam os humanos) que foi feita com cera e Kissuco de uva, fiquei um pouco decepcionado aqui. AND HERE COMES THE BOOM! Agora o pau vai comer solto, começou o tiroteio e bicharada vai pra fita… mas não, já que o JÊNIO do produtor achou que seria uma boa ideia o protagonista matar o animal na faca, sim amigos, do nada ele pega a faca, a moça distrai os soldados e ele encorporando o índio do Turok voando na jugular do bicho que morre explode, aliás, eu já mencionei isso? quando os dinossauros morrem eles explodem graças a um colar que fica no pescoço deles, tipo aquele do Mad Max 3. E eu vou lhe dizer que é uma baita de uma explosão.

O filme usa também de uma narrativa fora da sequencia cronológica, mas ele obviamente não faz isso bem, já que tem momentos que acontece um corte repentino e você é jogado para uma cena, e demora um tempo até você se ligar no que está acontecendo. Essa que postei é umas das cenas de é de abertura e reutilizaram no final, eles descendo uma escada, encontrando os dinossauros, atirando neles, fugindo deles e voltando pra escada, nada tem lógica nessa estratégia de extermínio, pra mim eles só fizeram isso pra matar o negão, que como sabemos não pode terminar vivo, e por puro sadismo repetiram a cena duas vezes.

Tem muita coisa para analisar do filme ainda, o fato da mulher ser uma freira maluca que era puta drogada e agora busca redenção, e alcança, é legal apontar que o primeiro final proposto pelo diretor ela cagaria para o celibato e seguiria a vida com Daniel Bernhardt, mas não fizeram isso para não causar atritos com a igreja. Mas porra, quem diabos da igreja veria esse filme? e se vissem, quem iria ligar pra essa bosta?

O fato deles irem atras da Gangue da rua 12, composta por um chicano gordo e duas minas magrelas ao invés do exercito é uma das maiores incongruências do filme. Ahh, e eles tem lança foguetes.

A trilha também é nojenta, parecem que usam a mesma música de arcade dos anos 80 o filme todo, só mudando um arranjo aqui e ali e a dublagem é porca.

Outra coisa legal é o líder dos ciborgues, quem faz esse papel é o Robert Z’Dar, famoso pelo seu queixo descomunal possuir um corpo e também por interpretar o policial psicopata na série de slashers Maniac Cop.

É um filme horrível, baixo orçamento, péssimas atuações, péssimo som, péssima execução e péssima composição, mas é isso que o torna belo, de tão tosco que é você assiste até o final pra ver quais divertidas surpresas lhe aguardam, como todo filme trash, com certeza merece o Selo Jailson de Qualidade!

Delicia

 

É isso ai amiches, espero que tenham tido saco pra ler tudo, não precisa nem gostar, é só ler e comentar que já tá valendo pra gente ficar famoso, com bastante hype e consequêntemente ficarmos ricos.

Bjs e até mais!