South Park – The Stick of Truth

Nunca jogue seus peidos nas bolas de ninguém. É errado cara.

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Depois de tantos atrasos, quase cancelamentos e outros problemas, South Park: The Stick of Truth é um dos melhores, se não o melhor jogo baseado em alguma outra mídia já feito. E estou levando The Warriors e Chronicles of Riddick em consideração quando falo isso.

A razão disso pode ser a própria origem do jogo. Um belo dia a Obsidian Entertainment, que fez sua fama com jogos como Neverwinter Nights 2 e Fallout: New Vegas, foi procurada por  Trey Parker e Matt Stone, criadores de South Park. Eles propuseram que fosse feito um jogo e eles, ao contrário dos jogos anteriores baseados no desenho, teriam um envolvimento muito maior. De fato, o roteiro é deles.

Tudo começa com a chegada de uma nova criança à South Park, o personagem principal, o clássico protagonista mudo. Seu pai o intima a sair e fazer amigos e em pouco tempo ele se encontra com Butters, que está fantasiado de paladino e ele acaba envolvido com as outras crianças, nesse momento, Eric Cartman, a princesa Kenny (?!) e alguns outros, e parece estar havendo uma briga contra um bando de garotos vestidos como elfos.

Eles essencialmente estão jogando, sem saber provavelmente, um LARP, Live Action Role Playing game,  que é como um jogo de RPG de mesa, com regras e tals, mas fora da mesa, com fantasias e armas de brinquedo. A questão é, como em um episódio da série, as coisas rapidamente vão escalando. E então parecem mesmo haver duas histórias seguindo. Uma história que afeta a cidade toda e a outra, a que trata do Stick of Truth, um poderoso artefato no jogo que as crianças vão jogando, basicamente alheias ao que acontece ao seu redor e como suas ações afetam a outra história, a do mundo “real”.

Professor Caos usando o método "Prefeitura" de cuidar dos sem teto.

Professor Caos usando o método “Prefeitura” de cuidar dos sem teto.

Visualmente, é uma recriação completa do desenho. Claro que falar isso de South Park não significa gráficos super realistas ou movimentação fluida. Mas a cidade é extremamente bem detalhada, refletindo a mudança na própria série, que passou a ter desenhos e movimentos mais elaborados, principalmente após o filme. Nem mesmo os jogos da série Budokai, de Dragon Ball tem tanto a “sensação” de estar jogando um episódio.

O que reforça essa sensação são os próprios personagens, que agem exatamente como agem na TV, com todos os trejeitos e estupidez que os caracterizam. E claro, o senso de humor.

Definitivamente não é um jogo para os facilmente impressionáveis, o que o combate contra os Gnomos da Roupa de Baixo,  a parte da clinica de aborto e a sequencia no disco voador deixarão bem claro, entre outras partes. Tanto assim que houve censura de partes do jogo na Europa e na Austrália, que para variar, foram sacaneadas de maneira magistral.

Essa tela aparece durante as passagens censuradas na Europa. Na Austrália é um coala chorando.

Essa tela aparece durante as passagens censuradas na Europa. Na Austrália é um coala chorando.

 

O humor, por vezes rude e grosseiro, por vezes bem sacado escorre de todos os cantos do jogo, inclusive com o já conhecido racismo de Eric Cartman (a classe de personagem Clérigo aqui é substituida por Judeu com direito a dano kosher nos inimigos) e isso inclui, para quem está se perguntando, o cú do Mr Slave.

 

Acreditem, tinha uma criança exatamente aonde o sr. Slave está sentado. E tecnicamente, ela ainda está lá.

Acreditem, tinha uma criança exatamente aonde o Mr. Slave está sentado. E tecnicamente, ela ainda está lá.

Ele é um Summon, como aqueles de Final Fantasy, você o convoca, ele faz alguma no campo de batalha e vai embora. Jesus e mr Hankey, o cocô de natal também são summons. Foquemos na jogabilidade então. É, sinceramente falando, a melhor parte. Tão bom que, se você tirar tudo de South Park do jogo ainda restaria um RPG sólido, calcado nas tradiçoes de RPGs por turnos, com várias opções de personalização (embora não seja possivel criar um personagem feminino mais à frente fica aberta a opção de vesti-lo e maquia-lo como uma menina, divirtam-se), itens, armas e armaduras variados, sidequests. O uso de algumas magias e golpes especiais depende de agilidade, pois são necessários comandos para ativa-los ou pelo menos usa-los da melhor forma possivel.

 

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Pura magia cara!

 

A trilha sonora não é nada excepcional, embora tenha momentos bem inspirados, como a música tema e as músicas que tocam em ambientes internos, tiradas de algum episodio normalmente. Também merece destaque uma música com ares épicos, cantada por Cartman e que tenho certeza, fala sobre chupar peitos.

Não é um jogo longo, umas 15, 16 horas talvez. Quem está esperando um épico da magnitude de um Mass Effect, ou mesmo outros jogos da Obsidian não irá encontrar. Hoje em dia ele seria considerado quase um casual. Como era de se esperar de South Park tudo é zoavel e nada e sagrado, nesse caso nos games também. Final Fantasy, Bioshock, Legend of Zelda, Skyrim, O Senhor dos Anéis, convenções comuns aos jogos, tudo é um alvo.

O esfincter de Randy March também é um alvo.

O esfincter de Randy March também é um alvo.

A cidade é pequena e o serviço de transporte rápido de Sir Timmy (TIMMY!!!) ajuda à ir de um lado ao outro com rápidez, mas o tamanho pequeno do mapa será uma benção e uma maldição, por duas razões. Os poderes e as sidequests. Com os poderes que você vai adquirindo é possivel acessar outras áreas do mapa ou das construções, normalmente escondendo algum item interessante. Mas isso o obriga a ir de um lado ao outro da cidade para usar seus novos poderes, indo e voltando pelos mesmos lugares. O mesmo acaba acontecendo com as sidequests. Elas não são jogadas em você. Você tem que conversar com as pessoas para inicia-las e por vezes apenas depois de avançar na história ou cumprir alguma outra coisa.

 

South Park: The Stick of Truth vale muito a pena para fãs da série, a quantidade de referencias é descomunal e vai render risadas pra caralho. Não-fãs, por inferiores que sejam como pessoas, vão encontrar um RPG com o selo de qualidade da Obsidian, o que já é muito bom. Ele tem legendas em português pra você que não manja da lingua da América (FUCK YEAH!), saiu para PS3, PC e Xbox 360, e pra fazer um jabá do bem, tem a venda na Livraria Cultura, é só clicar nestes links acima.

E pra ser coerente com esse merchan, eis a classe de personagem Judeu.

E pra ser coerente com esse merchan, eis a classe de personagem Judeu.

Zweist
11/03/2014