Scans geram leitores?

Salve, cambada! Não é de hoje que acompanhamos a qualidade dos quadrinhos mainstream caindo vertiginosamente, a porra toda começou a degringolar nos anos 90. Com isso, muitos leitores de longa data simplesmente desistiram das hq’s e, o pior, o número de novos leitores foi diminuindo com o tempo, pelo menos é o que vemos por aqui em terra brasilis.

Com a popularização da internet  no começo do milênio a necessidade de adquirir  revistas especializadas em quadrinhos veio quase totalmente por terra, o que não teve tempo de assombrar a mente dos profissionais de grandes editoras, pois logo viria algo muita mais assustador: o scan.

Scanner

O terror das editoras!

De repente não era mais preciso esperar que lançassem  no Brasil com um ano ou mais de atraso aquele arco ou minissérie que você ouviu falar, agora ele estava disponível na internet em algumas semanas, e de graça. O mesmo vale para revistas que todo mundo falava que eram boas e você nunca encontrou em sebo nenhum e material alternativo, principalmente europeu, que provavelmente nunca seria publicado aqui.

Trazendo a história pros dias de hoje, o scan é algo péssimo para as hqs, que prejudica o mercado nacional, faz com que o preço das hq’s seja alto e não tenha o devido alcance, o que não gera novos leitores. Não é essa a minha opinião, só sintetizei o discurso de 99% dos grandes editores. Bem, acho que tem um erro sério nesse pensamento, afinal, o scan gera leitores. E não são poucos.

Primeiro do tudo: o scan existe quase todo mundo consome e a não ser que proíbam a existência da internet ele não vai sumir, então não adianta chorar.

O leitor alvo das editoras não é o leitor de scan. O grande reflexo quando se analisa os títulos mensais é de que os quadrinhos mainstream vivem de leitores que não buscam conteúdo, apenas ação ou novidades. Não é atoa que logo após uma mega saga vem outra mega saga e outra e outra, e que a morte e retorno de personagens virou algo trivial. Esse tipo de coisa gera burburinho, e um monte de gente compra a hq…por 2 meses.

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Sério que a Panini espera que paguem por isso?

Tal tipo de ação editorial acaba minando a qualidade das histórias, e sinceramente, se for pra ler porcaria eu prefiro ler de graça.

E as editoras nacionais? Bem, eu só posso dizer ‘sinto muito’, ou muda a maneira quadrada de pensar ou vai pro saco, como muitas foram.  Mas ultimamente parece que ainda existe esperança.

A Panini (milagrosamente) vinha relançando material antigo no formato de encadernados e com preço moderadamente acessível (entre 15 e 20 reais), muito mais fácil de gerar um novo leitor, afinal, 180 páginas de uma mesma boa história gera mais interesse que um mix com 30 páginas que valem a pena e o resto de merda impresso em um papel igualmente de merda.

E como a Panini não divulga nenhum dado sobre as vendas, a gente só pode presumir que deve estar dando certo, já que ainda continuam com essa iniciativa e inclusive publicando material recente, mais fácil de gerar interesse na geração massavéio.

Ennis é foda

Se o material é bom…

E que diabos o leitor de scans tem a haver com isso? O leitor de scan que insiste na leitura a ponto de se tornar um fã de quadrinhos acaba se tornando o consumidor de encadernados, o que bate com o perfil do fã e do colecionador de quadrinhos. Estranho isso, não? Enquanto isso o cara que comprou a revista só porque o herói sofreu uma ‘superiorizada’ já parou de ler a algum tempo, quem sabe na próxima merda de saga idiota talvez ele volte…