Review Virtual: Buscando…

Um filme sobre tantas coisas…

Se você viu o revolucionário post totalmente em gifs do Luis sobre Buscando… (Searching…), já tem uma ideia do que se trata o filme. No entanto, eu vi o filme ontem e hoje lhes direi que além de um…bem…não sei o termo que poderia usar para defini-lo e não acho que “mockumentary” ou “found footage” sejam apropriados, então usarei o termo FILMÃO DA PORRA, ok!? Então vamos de novo: No entanto, eu vi o filme ontem e hoje lhes direi que além de um baita FILMÃO DA PORRA, o longa é um retrato assustadoramente realista dos comportamentos covardes e perigosos de algumas pessoas nas redes sociais. Mas, antes, uma sinopse básica:

Margot Kim é uma adolescente aparentemente comum, com uma vida comum, amigos comuns e vai a festas comuns. Até que um dia, após ir a um grupo de estudos, a garota some misteriosamente. David Kim, pai da garota, pede ajuda as autoridades legais mas, após 37 horas sem resultados, resolve invadir o computador e as redes sociais da filha afim de fazer uma pequena investigação por conta própria. No entanto, David irá descobrir que Margot não era a adolescente comum que ele julgava.

O filme, dirigido pelo jovem diretor Aneesh Chaganty  de apenas 27 anos, é todo filmado a partir de captura de telas de computadores, câmeras de celulares, câmeras de vigilância e noticiários. Uma aposta arriscada, já que esse tipo de narrativa poderia limar a dinâmica de uma câmera em movimento mas…não! Dentro dessas limitações, Chaganty consegue arrancar ângulos dramáticos, movimentos de câmera que, ainda que limitados, carregam certa tensão, e a escolha da narrativa tomar lugar em sua quase totalidade via redes sociais, só trazem uma familiaridade ainda mais crua e realista que acaba prendendo o expectador do inicio ao fim.

Além do mistério central da trama, o filme ainda joga questões pertinentes e dá alfinetadas violentas no comportamento de algumas pessoas diante de uma tela e de um teclado e sobre a falsa proteção do anonimato. Ele mostra como no meio virtual algumas pessoas se moldam como verdadeiras criaturas intrépidas e cheias de segurança diante de seu comportamento mesquinho, intolerante e egoísta, até que são confrontadas no mundo real e toda essa máscara de valentia cai em segundos. Mostra também como algumas pessoas sentem uma necessidade obsessiva por atenção, mesmo que tenham que se aproveitar de tragédias pra isso. Rendeu um like? Ótimo! Não importa os sentimentos das pessoas!

Mas o filme não mostra apenas as pessoas mesquinhas, aproveitadoras e covardes. Mostra também que a realidade da solidão pode ser moldada quando algumas pessoas se negam a pedir ajuda. Elas se fecham em seu mundo e, nas redes sociais, podem mascarar o peso da solidão com outra máscara de serenidade e contemplação. Assim sendo, ao invés de aproximar as pessoas que mais se deseja por perto numa hora de necessidade, tal comportamento acaba afastando-as,principalmente quando essas pessoas não sabem como se reaproximar depois de acontecimentos que desestabilizam os alicerces de uma relação.

A trama do filme não é algo que possa ser discutida tão abertamente sem o risco de largar spoilers. Inclusive, eu acho que já falei até demais nas linhas acima. Porém, é preciso frisar o trabalho excepcional do elenco, sobretudo do ator John Cho. Quem diria que um dos adoradores da mãe do Stifler na cini-série American Pie se tornaria uma ator digno de elogios em uma produção dramática? O sujeito é sensacional, principalmente porque praticamente carrega o filme nas costas, jé que grande parte do filme se resume a uma câmera em seu rosto e silêncio total, com os sentimentos sendo passados unicamente através de sutis expressões faciais.

É um respiro ver um filme desse tipo sem elementos sobrenaturais sendo empurrados a torto e a direito e, ainda assim, prender a audiência em um clima de tensão e suspense crescente, sobretudo porque se pauta em algo assustadoramente real. Assim sendo, veja “Buscando…” sem pensar duas vezes. É um filme instigante, envolvente e que te dá não apenas uma, mas uma saraivada de tapas na cara até seu final.

NOTA:10