Review Retrô: O Melhor dos X-Men Nº01

Ou “REPUBLIQUEM ISSO PELO AMOR DE ODIN, PANINI!!!” 

Pois é, jovos e jovas, estou de volta para falar de mais X-Men e  de uma época mais feliz para nossos sofridos olhinhos e  vazios bolsos no que tange ao mundo dos quadrinhos!

E hoje irei falar de uma fase uma tanto injustiçada dos Filhos do Átomo produzida por uma duplinha criativa que fez bonito nos anos 80 nas páginas dos mutantes mais amados (e odiados) da casa das idéias: Chris Claremont  e Paul Smith! Peraí…”Paul” quem…?

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Pois é, ambos tiveram uma longa e fantástica fase no X-Men,  porém, se compararmos,  a grosso modo, Chris Claremont e Paul Smith a um grupo de Axé, Chris é a vocalista gostosa que irá, invariavelmente, deixar a banda para seguir carreira solo e virar jurada em um programa que busca novos talentos da música enquanto passa algumas vergonhas no processo , mas ainda será lembrada e amada por toda uma legião de fãs e escandalosos , enquanto Paul seria o resto da banda que ninguém sabe o nome nem do guitarrista, por mais solos espetaculares naquelas musicas de merda que ele fizesse. E, acreditem, não era por falta de talento da banda…mas, enfim…

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Aqui e abaixo, páginas com a belíssima arte de Paul Smith por motivos de “POR QUE É PHODA BAGARAI”.

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Lançado em maio de 1997, O Melhor dos X-Men nº1 compilava em 198 páginas as aventuras dos mutantes na Uncanny X-Men  168 à 175 lançados em 1983 nos EUA. Essas edições trazem alguns dos momentos mais marcantes de toda a saga mutante. São nelas que, por exemplo, conhecemos o povo Morlock e vemos Tempestade se tornar líder deles, temos a primeira aparição de Madelyne Prior, mãe do Cable e clone de Jean Grey nas horas vagas (e que viria a despirocar tempos depois), a entrada da Vampira para os X-Men (muito a contragosto de todos da equipe), a mudança de Tempestade para o visual punk com moicano, o inicio do romance entre Colossus e Kitty Pride (chamada de Ninfa nessa época e trajando um dos trajes mais horrendos já vistos na equipe), a suposta volta da Fênix Negra e, a minha parte favorita, o casamento de Wolverine e Mariko Yashida!

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Agora vamos a uma analise mais rápida que trepada de coelho:

Quanto ao roteiro só preciso de duas palavras para resumir a qualidade: Chris Claremont. Responsável pelo que muitos consideram a melhor fase dos X-Men nos anos 70 e 80 (e, por um ou outro acerto nos 90 ao lado de Jim Lee…), o rapaz dispensa apresentações. As histórias são divertidas, leves (tirando a parte em que Tempestade manda Calisto pras cucuias), e gostosas de se ler. Aliás, aqui ele pegava muito mais leve com seus famosos textos redundantes, o que ajudava em 200% na agilidade da trama. Tem seus momentos de ingenuidade até, mas isso é um baita dum alivio em uma época onde tentar chocar o publico com mudanças de gêneros, raças, opções sexuais ou mesmo vilanizando velhos heróis em mega sagas imbecis unicamente com o intuito de tentar ser “massaveio”  e chamar a atenção ou rebootar todo um universo sem a menor necessidade tem se tornado a tônica constante. É ótimo ver um Wolverine que fica cansado e tem que se esconder pra se recuperar de um quebra violento, é fantástico ver a Tempestade como a líder radical dos X-Men que o Ciclope dificilmente era, e é espetacular ver que acima de um super grupo,os X-Men eram , primeiramente, uma família.

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Os X-Men são como uma família,e uma família beeeeem grande! Mas isso não impede que Kitty e Peter tentem aumentá-la…

Já os desenhos…cara, os desenhos…vou ser bem sincero: Até hoje não entendo como Paul Smith não é tão lembrado quanto John Byrne ou mesmo o maledeto do Jim Lee quando se fala em X-Men! O cara detona phodásticamente em cada página. E nesse momento peço licença para dar um ctrl+c e ctrl+v em um texto que escrevi tempos atrás no Facebook:

E mais uma vez eu venho puxar o saco dele, que nunca é tão lembrando por seu trabalho em X-Men quanto John Byrne ou Jim Lee, por exemplo. Me refiro ao senhor Paul Smith.

O cara, além de ter um traço único, limpo e lindo de se ver, ainda tinha uma coisa que poucos artistas de sua época ( e até os de hoje em dia) tinham: Noção de coreografia nas cenas de luta!

O clássico embate entre Wolverine e o Samurai de Prata é um ótimo exemplo. Muitos veem este duelo apenas como uma cópia da luta entre Logan e Shingen na série desenhada por Frank Miller. E pode até ser que seja! Mas Frank Miller jamais conseguiu dar aquela impressão de movimento completo. Já na cena magistralmente desenhada por Paul Smith você consegue preencher os espaços entre os quadrinhos, pois todo movimento tem um fluxo real, não são apenas dois personagens se socando em grandes pin ups.

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Muita dessa fluides se deve ao fato de que Paul Smith vem do mundo das animações, o que pode ser constatado não apenas em sua narrativa como eu seu traço, mais limpo suave. Outro fato interessante: Romitinha declarou em entrevista (acho que está até em um easter egg do DVD do primeiro Homem-Aranha de Sam Raimi) que nunca mostrava seus desenhos ao seu pai e que procurava ter um estilo próprio. Bem, hoje em dia ele o tem, mas nos anos 80, Romitinha puxou muito do seu traço do estilo de Paul Smith e essa influencia pode ser facilmente notada no seu trabalho nos X-Men da época.

Aliás, sobre essa influencia do Romitinha, a prova está nas 7 páginas finais desse encadernado, desenhadas pelo próprio mas com um estilo tão parecido com o do senhor Smith que é preciso ler a notinha de rodapé pra saber.

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E vamos ao veredicto: O Melhor dos X-Men nº01 é um daqueles formatinhos que dá gosto de ter. Ótimas histórias dançando em sincronicidade perfeita com desenhos  esplendidos e dando forma a um balé que dificilmente vemos nos dias de hoje. Bem que a Panini poderia continuar com a “Coleção Histórica Marvel: X-Men” e inserir essa fase, já que as edições 7 e 8, as ultimas a serem lançadas na coleção referente aos X-Men, traziam a Saga da Ninhada e os primeiros trabalhos do Paul Smith substituindo Dave Cockrum. Ah, e poderiam publicar também as “Guerras Asgardianas”, também com arte do Paul Smith. Bem, fica a torcida. Quem sabe um dia…

Nota: 10

PS: Umas das histórias é desenhada pelo lendário Walter Simonson, mas ele controlou tanto seu traço angular  pra se parecer com o do Paul Smith que você até acaba esquecendo e escreve isso num post scriptum no fim de uma postagem…tretas da vida…