Review Retardatário- Batman: Silêncio!

Sim, vou falar de Eaglemoss!

Quem mora fora de SP, RJ e PB sabe que a Eaglemoss CAGOU para algumas regiões do Brasil quando saiu da fase de testes e lançou sua coleção em todo Brasil. Acontece que a editora do “Apenas R$54,99” pulou o lançamento das  3 primeiras edições e já começou da número 4, “Liga da Justiça: Torre de Babel” e declarou que “não tinha previsão ou interesse em relançar na região Nordeste as 3 primeira edições”, respondendo uma pergunta que fiz diretamente a editora. Então, qual não foi minha surpresa ao encontrar “Batman: Silêncio Parte 1” na comic shop de um amigo meu pelos bons e velhos R$9,99 da primeira edição? E, sim, eu só tinha interesse em ter as duas partes de Batman: Silêncio, e por dois motivos, que são 1- O preço (R$9,99 e R$19,99) e 2- Sim…eu gosto do Jim Lee desenhando o Batman e acho silêncio uma história semi-bacaninha. Eu disse SEMI-BACANINHA! Ela degringola de um jeito e tem umas cagadas de roteiro que só o Jeph Loeb pode proporcionar. Mas estou me adiantando…

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Bem, comprei a primeira edição e consegui adquirir a segunda separadamente da terceira, por que a Eaglemoss juntou “Batman: Silêncio Parte 2” com “Superman: O Último Filho” em um só pacote por R$39,99, o que é ótimo pra quem quer ler as duas, mas uma MERDA pra quem quer só uma, como era meu caso. Enfim, comprei, li, e darei minhas considerações sem muitos rodeios (se bem que já fiz demais até aqui).

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Como todo mundo tá cansado de saber, Batman: Silêncio mostra uma série de crimes acontecendo, onde o Batman tem que enfrentar grande parte da sua galeria de vilões, desconfiando de tudo e de todos, até descobrir que, no final, o vilão era um cara totalmente novo. Ou seja, é o mesmo roteiro de Batman: O Longo Dia das Bruxas e Batman: Vitória Sombria com uns retoques pra disfarçar. Sim, o Jeph Loeb parece não saber escrever outro tipo de história estrelada pelo Batman sem usar o carbono. A grande diferença de Silêncio para suas predecessoras anteriormente citadas, é que aqui ele faz mal feito, com a história começando em cima de uma ladeira e descendo-a vertiginosamente até que Loeb perde totalmente o controle do carrinho e esbarra num monte de bosta que estava amontoado no acostamento.

ATENÇÃO: AGORA VOU ENTUPIR ISSO AQUI DE SPOILERS! E ATENÇÃO DE NOVO: A TRAMA É TÃO PREVISÍVEL QUE ESSE ALERTA SE TORNA TOTAL E COMPLETAMENTE INÚTIL! ESTEJAM AVISADOS!

Tudo começa com o Batman sofrendo um “atentado” enquanto persegue a Mulher-Gato e acaba caindo de um prédio sofrendo traumatismo craniano. Inconsciente, mas sendo o Batman, ele consegue, através de código morse, dizer a Alfred para que chame Thomas Elliot, um renomado cirurgião que é, também, o melhor amigo de infância do Bruce do qual o leitor JAMAIS ouviu falar antes. A partir dessa página, a pessoa com o minimo de lógica, já descobre que esse infeliz saído de lugar nenhum será o vilão dessa birosca toda. No entanto. Jeph Loeb, o homem que escreveu este PRIMOROSO roteiro, onde Bruce Wayne passa por uma cirurgia cerebral mas, em menos de uma semana, já está com o cabelo crescido e agindo como o Batman novamente, tenta convencer o leitor que não, não tem nada a ver com Thomas Elliot. Ele tenta empurrar outras possibilidades pra despistar, inclusive “matando” o Dr. Elliot ainda na primeira metade da trama e nos dando a entender que tudo é coisa do falecido Jason Todd que voltou a vida. E, se quer mesmo saber… EU PREFERIRIA QUE FOSSE! ESTA MERDA TERIA MUITO MAIS NEXO!

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No entanto, Loeb não apenas caga para este desfecho mais lógico, como ainda consegue cagar pra importância do vilão Thomas Elliot/Silêncio entregando, no finalzinho do segundo tempo, toda a autoria ao Charada em um plot que prece ter sido mal e porcamente copiado do arco “Diabo da Guarda” do Demolidor, já que o Charada fez o que fez por que estava morrendo de câncer mas com o diferencial de ter se curado no Poço de Lázaro. E em um determinado ponto da primeira metade da história, o Batman prende o charada pelo roubo de um carro forte e diz algo como “Não, ele nem tem nada a ver com a treta. Jeph Loeb me disse. Agora, vamos olhar para o outro lado efingir que nada está acontecendo”. Ou seja, a revelação do Charada como vilão final não apenas não tem impacto NENHUM como também é NOJENTAMENTE trabalhada e inserida nesse rascunho de trama.

"Fir mermo, pur quê ningueim que calaborá cumigu! I é purquié,purquié memo!"

“Fir mermo, pur quê ningueim que calaborá cumigu! I é purquié,purquié memo!”

O roteiro ainda tem inúmeras cagadas em toda a sua vergonhosa extensão, como a luta do Batman contra o Superman, inexplicavelmente controlado pela Hera Venenosa através do uso de um batom de kryptonita (?) , que é de uma cretinice tremenda, o lenga-lenga sobre confiar na Mulher-Gato e a BURRICE do Batman, sem acreditar que o Tommy é o Silêncio mesmo com  ele mostrando a carteira de identidade.

-Sou eu, Bruce, o Tommy! Lembra quando a gente brincou de médico naquela moita da Mansão Wayne? - Isso não prova nada ! Eu já brinquei em muitas moitas...

-Sou eu, Bruce, o Tommy! Lembra quando a gente brincou de médico naquela moita da Mansão Wayne?
– Isso não prova nada ! Eu já brinquei em muitas moitas…

Agora vamos falar da parte mais mamilesca para alguns: Os Desenhos! Sim, eu GOSTO DO JIM LEE DESENHANDO O BATMAN! ME PROCESSEM! O Batman do astro de um traço só é ameaçador, sombrio e parece um tanque capaz de te quebrar em 57 pedaços. Sem falar que ele faz o Batman usando botas, o que pode parecer um detalhe idiota ( e talvez seja mesmo) mas que, pra mim, faz total diferença, dando um ar mais “militaresco” do que um par de meias azuis. Aliás, o Batman do Jim Lee usa o clássico uniforme azul e cinza, e não o preto e cinza mais soturno (e mais legal, em minha fecal opinião), creio que pelo fato de o preto anular as hachuras que ele tanto gosta de fazer (se bem que, na colorização, poderiam hachurar em azul ou cinza sobre o preto…) mas, ainda assim, a cor do uniforme não tira o tom de ameaça do personagem.

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Claro que o traço do Jim Lee sofre de inúmeros problemas, como o fato de ele não saber fazer variações de corpo, sendo que todo mundo em seu universo parece morar em uma academia e fazer fotossíntese de whey. Sério, no inicio da história tem um grupo de mendigos tentando tirar a máscara do Batman e todos eles fariam inveja ao Léo Estronda e ao Kleber Bambam. Isso sem falar no já aposentado comissário Gordon, mais em forma do que em sua juventude, nos tempos de Ano Um. Acho que foi após ter lido Silêncio que o ator J.K. Simmons começou a malhar pra viver o comissário Gordon no filme da Liga.

Mas o senhor Lee não muda por que não quer! Ele introduziu um novo estilo de desenho que pegou nos anos 90, mas que não cabe lá muito aos dias de hoje. No entanto, se você acompanhar o sujeito em algumas redes sociais, vai ver que ele desenha lindamente quando faz um desenho avulso, sem a necessidade do cumprimento de prazos. Talvez ele mantenha seu estilo noventista por ser mais rápido já que ele está habituado e, com isso, ele evite problemas de prazo.

O Django de Tarantino no traço caprichado e fora da zona de conforto de Jim lee.

O Django de Tarantino no traço caprichado e fora da zona de conforto de Jim lee.

Enfim, finalmente a Eaglemoss decidiu agraciar a região Nordeste com suas primeiras edições e as únicas que comprarei, pois não estou batendo na minha mãe pra estar pagando R$54,99 em gibizinho, principalmente em coisas como “Superman e Batman: Tormento” ou “Arlequina: Prelúdios e Trocadalhos”. No entanto, só aconselho Silêncio justamente pelos motivos que já citei acima: o preço e se você gosta dos desenhos do Jim Lee em algum nível (saudosismo, vendo ele desenhando um personagem DC em específico ou se apenas gosta mesmo). No mais, se procura algo REALMENTE BOM do Batman, passe LONGE de Silêncio. Bem, apesar dos pesares, a história me divertiu, cagando toda a diversão apenas nos momentos finais, por isso dou uma…

NOTA: 6,0

PS: Essa história só prova que é o Tim Sale quem escreve grande parte das tramas junto do Jeph Loeb, já que Longo Dias das Bruxas, Vitória Sombria e Silêncio tem o mesmo plot básico, mas só as duas histórias desenhadas por Sale são consagradas.

PS2: Muito me admira que a DC, que tem no Batman seu mascote de fazer dinheiro favorito, ainda não tenha transformado nenhuma dessas 3 histórias em longas animados. Mas creio que seja uma questão de tempo agora que os (nada)Novos 52 foram pro saco.