Review Matador: Mr. Right

Ou “O Cara Certo” no Brasil.

Eis mais um caso de um filme achado meio que por acidente na Netflix. Tá…por acidente não, já que a Netflix praticamente gritava “ASSISTA ESSE FILME” sempre que eu dava uma passada no menu. Aí vi que tinha o Sam Rockwell, sujeitinho que adoro desde que viveu Zaphod Beeblebrox na adaptação para o cinema de O Guia do Mochileiro das Galáxias em 2005 (só depois descobri que era ele o ODIOSO Wild Bill em A Espera de um Milagre de 1999, o que muito me impressionou), dei uma  olhadela no trailer, vi que tinha umas porradinhas e uns tirinhos dento do mesmo pacote da comédia e resolvi dar uma chance. Meus sentimentos foram confusos…

Mas primeiro, sinopse: Martha é uma moça meio maluquinha que acaba de ter uma desilusão amorosa Mais especificamente, ao preparar uma surpresa para quando o namorado chegasse em casa, acaba se deparando com o sujeito atravessando a porta agarrado a amante e ambos nem a notam e, quando notam, tentam incluí-la na brincadeira, o que rende uma bela de uma garrafada na cara do sujeito. Martha, então, passa a se entupir de cachaça e ficar trancada no armário de sua casa resmungando até que suas amigas a convencem a sair de casa e ir a uma festa. Lá ela conhece um sujeito misterioso mas muito gente boa que sempre diz que matou pessoas como parte de seu trabalho em um tom tão casual que Martha acha que é brincadeira. Ambos começam um pequeno romance, mesmo sem Martha saber o nome do sujeito, até que um dia ele a leva até um local onde se encontraria com um contratante do cara que, do nada, mata o sujeito na frente de Martha como se não fosse grande coisa. A garota, obviamente, entra em choque e aciona as autoridades. É quando o agente Hopper do FBI aparece e revela que o tal sujeito se chama Francis ( e que detesta esse nome), que é um ex-agente da CIA e FBI que virou assassino de aluguel mas, certo dia, adquiriu um código moral quando percebeu que matar era errado e passou, então, a matar quem o contrata-se para matar alguém (sim, isso não faz sentido e essa questão é levantada no filme). Agora Martha terá que decidir se continua seu romance com o assassino gente boa enquanto Francis tenta escapar de uma família mafiosa que quer em parte matá-lo, em parte usá-lo pra matarem uns aos outros.

Sim, o roteiro é bem maluco, mas como se trata de uma comédia, funciona bem. Aliás, é o que mais funciona, pois como filme de ação o longa tem muito boas sacadas, como o fato de Francis não exatamente lutar, mas dançar enquanto enche os adversários de porrada. E isso só funciona bem porque Sam Rockwell tem um baita gingado que já demonstrou em Homem de Ferro 2 e na cena do título de Mr. Right. O problema é que as cenas de porradaria são mal dirigidas, com muito corte de câmera, o que tira a fluides que a ideia da dança demandava e acaba por matar a dinâmica das lutas. As cenas de tiroteio também não são grandes coisas, ficando apenas no ok, e algumas são bem sem criatividade, como a cena inicial onde Francis mata um esquadrão de elite de assassinos num salão de festas, que é bem chocha. Mas, é como eu disse, se as cenas de ação não funcionam, o roteiro funciona. Mas só graças ao elenco.

Temos Anna Kendrick no papel de Martha, que faz uma maluquinha fácil de se apegar. A atriz é engraçada e claramente improvisa em grande parte das cenas, o que dá muito certo e deixa tudo muito divertido. E o sucesso dessas improvisações só são reforçados pelo seu parceiro de tela, o já citado Sam Rockwell. Como eu já disse, o sujeito FEDE a carisma e seu assassino gente boa que não quer mentir pra mulher por quem se apaixonou e vive dizendo que mata pessoas mesmo que ela não acredite é um personagem que te ganha em segundos, sobretudo quando descobrimos que ele é conhecido no submundo por um pequeno apetrecho que usa sempre que vai matar alguém: um nariz de palhaço de espuma, objeto disputado pelos seus inimigos. Ah, voltando a Anna Kendrick, eu preciso colocar isso pra fora: Eu simplesmente NÃO CONSIGO OLHAR PRA CARA DELA E NÃO ENXERGAR O BEN STILLER DE PERUCA E MAQUIAGEM! Pronto, falei!

Talvez semelhança nem fique tão evidente nessa imagem ms se você assistir o filme vai perceber do que estou falando…

Compondo o resto do elenco ainda temos Tim Roth como o agente Hopper que, na verdade, é um mestre dos disfarces e  ex-parceiro de Francis que o traiu, quase o matando, e quer levá-lo de volta para a agência onde trabalhavam afim de lhe fazer uma lavagem cerebral e torná-lo a eficiente máquina de matar de outrora. Tim Roth é inglês, isso é fato, mas como seu personagem é um mestre dos disfarces e ele está disfarçado de agente do FBI que nasceu no Texas, o sujeito mete um sotaque exagerado que é hilário e faz ele parecer um retardado. De destaque ainda temos o rapper RZA que faz um assassino contratado para matar Francis mas acaba por fazer amizade com ele já que Francis vê muito potencial no sujeito é vive incentivando-o. Devo dizer que RZA se sai melhor em comédias do que em filmes de ação sérios, como já provou fazendo o vilão que mau sabia chutar no HORRENDO O Protetor 2 com Tony Jaa.

Como eu disse no começo do post, meus sentimentos para com esse filme foram confusos Sim, pois se a ação era mal dirigida e a comédia funcionava, o roteiro em si era bem inconstante. Digo isso porque algumas cenas inseridas no filme são exageradas demais e até destoantes mesmo pra um longa que não se leva a sério, como a cena em que Francis fica arremessando facas em Martha só pra provar que ela pode pegá-las com as mãos nuas porque ele sentiu que ela conseguiria e ponto final. Ou quando, ao final do filme, Martha mata dois sujeitos e acha divertido mas ao invés de você pensar “nossa, ela se tornou uma heroína” você só consegue pensar “caralho…ela endoidou de vez…Francis está correndo perigo!”. A conclusão a que cheguei é que Mr. Right entra na categoria de “Bom filme ruim”, tem sérios problemas de direção e roteiro mas o conceito e o elenco são bons o suficiente pra segurar tua atenção até o fim. Então, caso não estejam fazendo nada e o tédio esteja tomando conta, deem uma olhadinha nesse filme! Ele é curtinho (1:35hr, coisa rara hoje em dia) e você nem vai perceber o tempo passar.

 

Nota:7,0

 

PS: Ah, se interessou pelo filme mas não tem Netflix? Não tem problema! O filme está completinho e dublado no YouTube também! Tó pr’ocê, presente do tio Hellbolha!

https://www.youtube.com/watch?v=SCI0eWeRWVs