Review Confuso: Deadpool 2 (SEM SPOILERS)

Um filme que não me entregou praticamente nada do que eu esperava…

Não vou começar esse post falando da  LOOOONGA trajetória que o filme de 2016 traçou até ser  realizado ou como o personagem surgiu nas HQs como milhares e milhares de post que farão esse mesmo review irão repetir à exaustão. Vou dizer apenas uma coisa: NUNCA VEJA REVIEWS ANTES DE VER UM FILME PELO QUAL VOCÊ NUTRE UMA GIGANTESCA EXPECTATIVA!

Não vi reviews de Vingadores: Guerra Infinita (mesmo não estando empolgado com o filme antes de vê-lo) e me diverti muito mais pois minhas impressões não estavam “impregnadas” com as pré-impressões de terceiros. A questão é que eu não sou o tipo de pessoa que se deixa influenciar pela opinião dos outros e prefiro tirar minhas próprias conclusões das coisas que vejo, leio e ouço. No entanto, minha expectativa para Deadpool 2 era tão grande que não aguentei e fui ver reviews de alguns críticos e ouvi muito “Nhé…o filme não tem história” ou “Ele não acerta no humor” ou “É mais do mesmo” (não vejo nada de ruim aqui) ou “o filme tem três plots diferentes e não sabe qual seguir” ou a PIOR CRITICA que já ouvi que se resumiu a “Eu adorei, amei, me diverti, foi ótimo…mas não gostei tanto,  senti falta de uma história”. Depois de ouvir todas essas criticas eu confesso que me deixei intoxicar por uns sentimentos de dúvida e receio e fui ver o filme querendo colocar um dos pés atrás. E isso foi um grande erro meu, pois estava tão ansioso por esse filme e conheço tantas sequencias que cagaram toda uma franquia que me deixei levar por criticas de pessoas que já tinham contra elas o fato de começarem com a frase “Eu já não gostei muito do primeiro”. Bem, então fui ver o filme…

 

O plot é bem básico e está no trailer: Deadpool precisa salvar um menino mutante que está sendo caçado por Cable, um viajante do tempo que quer riscar a existência do moleque da face terrestre porque esse fará algo de medonho no futuro. Incapaz de deter Cable e salvar o moleque sozinho, Wade Wilson resolve formar um super-grupo próprio, ao qual chama de X-Force. E…é isso! O filme não tem um grande vilão megalomaníaco tentando destruir, dominar ou trazer o equilíbrio ao mundo. É apenas um cara tentando salvar um menino de outro cara que quer matá-lo. Ponto! Básico, né? Sim! Ruim, né? Não!

Deadpool 2 acerta justamente por dar um passo além no nível das ameaças que enfrenta nesse segundo filme mas sem esticar a perna pra ir de encontro a algo grande demais, coisa que não caberia lá muito dentro da proposta do personagem. Lembra da critica que citei lá em cima onde foi dito que “o filme tem três plots diferentes e não sabe qual seguir”? Pois é, esse era o ponto que mais me preocupava! E como fiquei tranquilo ao perceber que o filme começa com um plot que poderia torná-lo mais um filme genérico de ação, mas o resolve logo nos minutos iniciais e ainda o usa como fio condutor para os “outros dois plots”, tornando-os uniformes de um modo que só um filme do Deadpool poderia proporcionar.

Ah, e me deixe falar sobre o “Confuso” que estampa o título deste review! É muito comum trailers te apresentarem cenas e situações que não estão na versão final do filme e em Deadpool 2 não é diferente. As coisas que mais diferem dos trailers são as frases finais de algumas piadas (que, confesso, algumas ficaram BEM MELHORES nos trailers), no entanto tem algo que é mostrado no trailer como um evento grandioso, empolgante e que parece ser a apoteose do filme e, sem mais nem menos…o filme simplesmente ANIQUILA esse elemento em segundos!  Minha reação a isso foi “Hein…!?Não, peraí…HEIN!?” pra, em seguida, cair na gargalhada com o absurdo da coisa toda! Sei que muita gente vai torcer o nariz pra esse momento e achar que foi um grande erro do filme, mas, acreditem…é hilário e ainda serve como uma baita homenagem a altura de uma das PIORES criações do Liefeld! Não quero citar nomes, mas rima com “estar”…

Os anos 90 fedem agora em carne e osso!

Agora falemos dos personagens que movem trama. Ryan Reynolds É o Deadpool. Pronto, nada mais a acrescentar. Josh Brolin entrega o Cable que eu lia nos quadrinhos do anos 90 (se bem que nunca foi um dos meus personagens favoritos) e, assim como acontece com Thanos em Guerra Infinita (que também é vivido pelo ator, caso você não saiba), quando ele aparece você sabe que vai dar merda inevitavelmente. A Dominó da Zazie Beetz é uma delicia de ser ver em tela! Super tranquilona e até meio debochada, a mutante que tem “sorte”  como superpoder protagoniza algumas das cenas mais divertidas do filme e acaba sendo uma das melhores coisas dele. Ah, e se você chiou porque trocaram a etnia da personagem…pelo amor de Deus, né, filhote? É a Dominó! Ninguém ligava pra personagem até ela aparecer nesse filme! Mas se VOCÊ, grande fã dos “maravilhosos anos 90”, ligava…fique feliz em saber que a cor da pele não influenciou em nada na essência da personagem!

Sem falar que é coisa linda de papai do céu…ai,ai…

Agora eu preciso falar de efeitos especiais. Se o CG do primeiro era modesto mas funcional e bem menos MEDONHO que muito CG em filme de orçamento inflado por aí (beijo, filmes do Universo DC), aqui ele continua funcional mas usado em maior escala. Confesso que a unica derrapadinha que senti foi com relação ao Colossus que apesar de ter ganhado uma repaginada, resultando em um visual mais “clean” e até um pouco menos “monstrão”, pareceu menos fluído que a versão do primeiro filme, mas sem nunca parar de convencer que ele é “real”. Em compensação, essa decisão de transformar personagens “gigantes” em puro CG (lembre-se que nunca vemos o Colossus em forma humana tanto no primeiro quanto nesta sequencia) resultou em uma das maiores e mais agradáveis surpresas no terceiro ato do filme. Muita gente já deve saber de quem estou falando, já que muitos boatos da presença do sujeito surgiram na internet quando o Colossus apareceu socando alguma coisa em um dos trailers, mas não vou dar spoilers pra quem não faz ideia. Só vou dizer que finalmente temos uma representação respeitável de um personagem que já foi ridiculamente apresentando em um dos filmes da franquia X e que a reação do Deadpool ao ver o tal sujeito foi a representação perfeita de como me senti ao vê-lo em toda sua glória de CG!

Tá aí a tal imagem do trailer, tirem suas próprias conclusões.

“Mas o filme é uma aventura maravilhosa com humor refinado e sem erros mesmo, tio Hellbolha?” você pergunta, tagarela leitor. E eu lhe respondo que…não! O filme tem pontos negativos sim, claro. O principal ponto fraco dele é justamente um de seus pontos fortes do primeiro filme: o humor verbal! As piadotas estão mais sem vida, com bem menos impacto e claramente menos inspiradas que o primeiro. No entanto isso pode ser tanto reflexo do estado emocional do personagem na trama, que meio que pede pra que ele fique um pouco mais “down”, como pode ter sido mero escorregão dos roteiristas, coisa que creio ser mais provável. Mas isso quer dizer que esteja tudo sem graça? Óbvio que não! Ainda temos muitas boas sacadas, mas o humor visual dessa vez ganha mais destaque e seve como catapulta para algumas das piadas mais fracas, o que acaba fazendo com a peteca nunca caia. O que lhe garanto é que, mesmo com essa quedinha, você não vai passar mais de 5 minutos sem dar uma boa gargalhada.

 

 

Ah, e também houveram algumas decisões tomadas com relação a alguns personagens que, de fato, me desagradaram um pouco porque deixava na mesa toda a possibilidade de seguir uma das primeiras sagas relevantes do personagem nas HQs, mais especificamente a mini-série escrita pelo Mark Waid (do qual falei AQUI)  mas, do nada… essas possibilidades vão pro saco com uma simples bala. No entanto a cena pós-créditos mostra que nem tudo está perdido….

Por fim, Deadpool 2 me vendeu um filme com seus trailers, quase me entregou outro completamente diferente e, ainda assim…FOI EXTREMAMENTE DIVERTIDO!  Por isso, se você, assim como eu, foi dar ouvidos a gente que achou o filme meia-boca sendo que não gostaram nem do primeiro…esqueça tudo que ouviu e vá ver por si mesmo! Garanto que você sairá com um largo sorriso no rosto e a “sensação de divertimento cumprido”!

 

Nota: 9,0

PS1: Existem duas cenas pós-créditos. Uma delas é a prova definitiva de que tudo é possível no universo do Deadpool e a segunda é o personagem fazendo coisas que todos nós sempre quisemos fazer quando vimos X-Men Origens: Wolverine e Lanterna Verde. Arrisco-me a dizer que foi a melhor cena pós-créditos em uma adaptação de quadrinhos até agora.

PS2: Um dos maiores motivos de piadas com relação aos personagens criados nos anos 90, sobretudo pelo Liefeld, era a quantidade absurda de pochetes inúteis que os personagens carregavam em suas vestimentas. Como o Cable era praticamente o símbolo máximo desse exagero, no filme as tais pochetes não poderiam ficar de fora, No entanto, o personagem não anda entupido delas no filme, mas com uma pochete só, gigante, que carrega presa ao corpo e que chama  de “bolsa de utilidades” ao que o Deadpool já responde “ESSA PORRA É UMA POCHETE!”. Uma linda e singela homenagem a este item da “fashion” tão “amado” nos anos 90.

PS3: A abertura do filme ao melhor estilo 007 ao som de Celine Dion é SENSACIONAL!