Review chateado: The Ghost in the Shell (o mangá).

Ou “Como algo tão chato gerou um filme tão famoso?”.

Pois é, negadinha, quem leu o meu post do finalzinho do ano passado“Mangás one-shot pra se manter longe”, deve lembrar que GitS estava nesta lista e que eu havia dito que não tinha conseguido terminá-lo, correto? Pois bem, eu AINDA NÃO ACABEI DE LER, mas de suas 356 páginas eu li 300 (e RECOMEÇANDO TUDO, pra tentar ter uma visão diferente numa segunda revisada) e se essas 300 páginas não me convenceram, não serão as 56 finais que vão dar um plot twist e me fazer dizer “NOSSA, QUE OBRA INDISPENSÁVEL NÃO APENAS PARA OS FÃS DE MANGÁ MAS PARA OS FÃS DE FICÇÃO CIENTIFICA EM GERAL”.

Imagem: Guia dos Quadrinhos.

Bem, se você leu o post citado acima, talvez vá sentir que tudo que falarei aqui soará repetitivo. Mas é esse o caso: na minha fecal opinião, GitS é um mangá que tem a fama maior do que realmente merece, e creio que muito disso se deva ao filme de 1995, o qual eu só fui gostar realmente depois de estar mais velho, pois achei UM PORRE quando assisti pela primeira vez. Ele é belo, mas é arrastado por se centrar demais na filosofia e nas questões existencialistas, coisa que o diretor Mamoru Oshii parece ter adoração e sempre empurra em seus filmes. Ainda tem uma galerinha que DETESTA o filme e eu não os culpo. Tem que estar na vibe certa para apreciá-lo e desligar o cérebro para o fato de que essa não é realmente uma obra inovadora, pois Philip K. Dick já levantava TODOS os questionamentos e conceitos que as pessoas usam par elevar GitS ao status de “clássico genial e irretocável” ainda nos anos 60.

Isto posto, vamos falar sobre a obra que realmente conta neste post: o mangá original de Masamune Shirow (ok, está escrito Shirow Masamune no mangá, mas conheci assim e vou chamar assim! Eu nunca vi nome e sobrenome mudar tanto de lugar quanto os dos japoneses quando vem pro ocidente…). Em primeiro lugar quero expressar minha IMENSA DECEPÇÃO com GitS pelo simples fato de esperar mais ação, já que Masamune Shirow sempre foi sinônimo de “tiro, porrada e bomba” sempre que eu via alguém falar de suas obras láááá nos anos 90, quando nem se sonhava em ter a profusão de mangás que temos no Brasil hoje em dia. No entanto, o sujeito parece ter uma paixão inexplicável por CHATISSIMAS TRAMAS POLITICAS! É “ministério da defesa” pra cá, “parlamento” pra lá, “diplomacia” aqui, “asilo politico” acolá…UM SACO! E isso te tira tanto da trama por tornar os diálogos chatos e intermináveis que as vezes dá a impressão de que o Shirow jogou nomes de organizações do nada no meio da história só pra parecer inteligente! Por exemplo, no capítulo em que eu parei, a Seção 9, grupo do qual a major Kusanagi faz parte, está investigado um inimigo em uma missão cujo as páginas iniciais do capítulo não deixam claras. De repente, 10 páginas depois começa a discussão sobre o envolvimento de Israel e da Síria…MAS NÃO FICA CLARO EM QUE! É como se o Shirow dissesse “se tem politica, parece inteligente!”, mas fica CHATO! Parece que você está lendo a versão mangá da TV Senado!

Estão vendo essa belíssima página dupla? Está em japonês e você não está entendendo nada, certo? Pois é, alguma páginas, mesmo em português, são tão chatas quem soam do mesmo jeito…

Outro fator EXTREMAMENTE CHATO são as MALDITAS NOTAS DE RODAPÉ SEM FIM presentes em TODO O MALDITO MANGÁ! Muitas vezes Masamune Shirow quer explicar conceitos do que é uma alma ou explicar o funcionamento de suas armas fictícias, e isso torna a leitura, que já estava chata, em algo ainda mais travado! A história já tem um andamento lento por causa de tanta politica sendo discutida nos quadrinhos, que se atrever a ler as notas de rodapé é como fazer um teste de paciência pra ver se você consegue ler tudo sem jogar o mangá à uns 3 metros com a propulsão do mais puro ódio. Ah, mas as notas de rodapé não se limitam apenas a explicações supostamente pertinentes à história! Nãããão! Masamune Shirow, não satisfeito com toda a chatice de suas explicações, usa grande parte das notas de rodapé para dar opiniões pessoais sobre ASSUNTOS COMPLETAMENTE ALEATÓRIOS! Sim, dá sua opinião sobre o que é a justiça (e nem é algo inspirado, como “TEM QUE ACABAR A JUSTiÇA!”) entre tantos outros assuntos QUE NINGUÉM PERGUNTOU! Como o mangá é dos anos 80, podemos afirmar que o infeliz criou a primeira timeline chata de Facebook DA HISTÓRIA! Mas você quer ter a noção real do tanto de porcaria inútil que o sujeito fala nesses rodapés? Se você tem o mangá e não o leu ainda, vá para a página 297 e veja o “gênio” Masamune Shirow explicar o que significa a expressão “batata quente” (de “estar com uma batata quente nas mãos”, por exemplo). É quase como se ele dissesse “como eu sei que vocês são BURROS e podem não entender minha transcendental genialidade, deixe-me explicar essa batidíssima expressão como só eu sei”. Uma idiotice…

Essa é uma das duas famosas páginas cortadas do mangá por conter sexo desnecessário (eu não sinto falta nenhuma dessas páginas, mas tem uma galera do time do Anubis que sente…). percebam que ATÉ NO MEIO DA PUTARIA PURA E SIMPLES, o infeliz do Shirow enfia uma nota de roadapé!

Agora vamos  falar dos desenhos. Masamune Shirow está anos luz de ser considerado minimamente ruim. O cara é extremamente inventivo na hora de criar designers de armas, veículos e cenários. No entanto, como o mangá é dos anos 80, muitos desses  visuais já não cheiram a novidade pra gente e muita coisa que ele desenha tem cara de “hmmm…já vi esse design antes…”. Mas isso não é demérito nenhum! O traço de Shirow continua sendo agradável, principalmente se você gosta daquele traço mais característico dos anos 80, como é meu caso. No entanto, muitas vezes ele desenha seus personagens atarracados demais, como se desenhasse originalmente numa folha A4 e tivesse que diminuir o tamanho dos desenhos pra caber nas páginas, e isso resulta em páginas que parecem ter sido desenhadas as pressas em contraponto a outras que estão desenhadas com um cuidado visível. E não confunda achando que estou falando da cenas de humor, onde ele intencionalmente deforma os personagens com finalidades cômicas. Falo de cenas de ação e diálogos sérios mesmos.

Essa é, claramente, uma cena cômica, Mas não estranhe se em uma cena séria, o grandalhão Batou aparecer assim, meio deformadinho.

Ah, mas já que falamos de humor, eis algo que extremamente presente no mangá original e totalmente ausente nas suas adaptações mais famosas, como o longa animado de 1995, sua sequencia ,Ghost in the Shell Innocence de 2004, e no mais recente filme, a adaptação americana estrelada por Scarlett Johansson.O mangá ABUSA do humor, muitas vezes deixando páginas inteiras dedicadas aos Fuchikomas, os mini-tanques inteligentes que são os alívios cômicos do mangá e que foram solenemente ignorados em todas as adaptações acima citadas. Porém, existem momentos em que o humor entra no meio de um momento sério entre os personagens “humanos” e acaba não funcionando muito bem. A impressão que dá é que estamos lendo uma paródia da história original dentro da própria história original.

Págineta engraçaralha do mangá.

Eis Ghost in the Shell, o mangá! Uma obra que vi muita gente defendendo como sendo a ultima bolacha do pacote com diálogos como “Guarde pra ler quando estiver na vibe”, coisa que não é bom sinal, na minha fecal opinião (sim, eu sei que usei esse argumento quando falei sobre o filme no começo do post. Mas o filme você pode assistir de graça!). Vale os R$64,90 cobrados pela JBC? DE JEITO NENHUM! Obviamente esse preço só foi praticado pra pegar carona no hype do lançamento do filme com a Scarlett Johansson. E ainda bem que foi lançado antes, porque se fosse lançado depois do lançamento do filme, com os resultados que este obteve…o negócio ia ficar feio! Ah, a prova é tanta de que foi pelo hype do filme e que tinha muita gente defendendo o mangá no Youtube só pra pagar de intelectual ou apenas porque receberam a edição de graça da JBC, que Ghost in the Shell 2.0 foi lançado faz um bom tempo e você não encontra UM ÚNICO REVIEW NACIONAL SEQUER desta bagaça internet afora!

Enfim, paguei R$30 na minha edição! Pagaria de novo se já conhecesse o mangá como conheço agora? Não! Ainda acho que foi caro,teria esperado uma promoção na casa dos R$20. Mas pelo menos a edição da JBC é bonita! Recomendo? Não! O mangá não é uma obra 100% ruim, mas só me divertiu em 10% de sua totalidade, quando os personagens paravam de falar e iam pra ação pura e simples. Quer ler um mangá realmente bom nesse mesmo formato? Leia Akira, também da JBC, dividido em 6 edições lançadas a cada vez que os planetas se alinham, pelo que parece, JÁ QUE 2017 TERMINOU E NADA DO VOLUME 2!!!

Nota: 3,0

PS: Sim, eu comprei o volume 2! Sim, e não paguei preço de capa porque não estou com o c* coçando! E, sim, eu vou resenhar também! Só comprei porque ouvi promessas de que esta porcariada politicada era deixada de lado em prol da ação. Veremos…