[Resenha] The First Purge

The Purge é uma franquia para a qual os tradutores não conseguiram dar cara de franquia no Brasil. Cada filme veio com um título.

É uma dessas franquias ruins divertidaças! Pra mim, ao menos, o grande trunfo é mais o conceito do que a execução dos filmes em si. Esse conceito de que, se o crime for liberado por algumas horas numa determinada periodicidade, o ser humano põe pra fora toda sua maldade e, assim, não existe mais crime no restante do tempo, é uma ideia muito baseada na realidade americana, na qual a falta de segurança e a desigualdade social, que ainda que existentes, são menores do que em um país de terceiro mundo como o Brasil, jogam os holofotes nesses crimes cometidos por gente maluca, tipo assassinos em série. No Brasil, isso não funcionaria, porque todo mundo sabe (quer dizer, alguns, os bolsominions, não sabem) que o crime aqui vem da vida fudida que muita gente vive. E a grande verdade é que a franquia mostra que nem lá isso funciona e que o motivo real por trás do conceito era outro.

São 4 filmes, até agora, e uma série que acaba de estrear no Amazon Prime Video. O primeiro filme é focado em mostrar o que acontece a uma família rica dentro de sua própria casa, protegida por um sistema de segurança que é falho. O segundo filme nos traz tudo aquilo que gostaríamos de ter visto no primeiro: o “universo Purge”, os efeitos da ideia nas ruas. O terceiro é mais do mesmo. O mesmo herói do segundo e algumas situações bizarras, como os ricos caçando os pobres, mas (spoiler) traz uma eleição que termina com a tal noite de crime. E o quarto filme, que estreia hoje nos cinemas, usa a fórmula do “vamos voltar à origem, antes do primeiro”. E joga na cara do espectador aquilo que já tinha ficado subentendido nos outros filmes: a tal noite de crime nada mais é do que uma estratégia pra se livrar das minorias.

A história começa com os New Founding Fathers of America assumindo o governo e fechando Staten Island, em Nova Iorque, para realizar um experimento. Esse é um lugar conhecido por ser lar de famílias pobres, muitos negros e latinos e, consequentemente, há gangues e crime organizado. O governo oferece 5 mil dólares para quem permanecer lá durante a noite do Purge e, quem resolver participar e cometer crimes, vai ganhar ainda mais dinheiro no final.

Mas aí chega a hora e – com o perdão do trocadilho porto-alegrense – a galera não tá pelo crime! O pessoal faz festas de rua, fica de boa em casa e, com exceção de um ou outro louco, ninguém mata ninguém. O tiro sai pela culatra e o governo, que achava que a ideia seria uma forma automática de se livrar dos pobres, acaba tendo que contratar milícias de mercenários pra executar todo mundo. Sabe aquele pessoal mascarado, com armas militares, em vans e jipes, dos últimos dois filmes? Pois é… Tá explicado.

E a gente acompanha a história de dois irmãos que acabam se metendo no meio da confusão e são protegidos pelo traficante local, que é a pessoa mais decente do filme! Sim, tu vai torcer pra um traficante o filme todo. Te prepara.

The First Purge, ou A Primeira Noite de Crime, como veio aqui pro Brasil, não vai mudar a tua vida, mas é um desses filmes ruins divertidos que te arrancam umas risadas e têm a quantidade suficiente de ação e violência pra te manter entretido.

 

*E pra quem curte a franquia, em breve vai rolar um Geekburger sobre The Purge!