[Resenha] O Primeiro Homem: deviam ter deixado Ryan Gosling na lua!

Eu acho que eu partilho da mesma opinião de todos que escrevem aqui neste site, quando se trata do fato de que até uma samambaia atua melhor que o Ryan Gosling.

Resumo: o Ryan Gosling me irrita. Aquele olhinho caído dele me irrita. Aquele sorrisinho meio tristonho dele me irrita. Aquele olhar sem expressão nenhuma dele me irrita. O abdome trincado dele… bem… quanto a isso, parabéns pra ele! Mas o que Hollywood viu no cara, eu não consigo compreender.

Normalmente eu evito de ver os filmes dele, porque eu tenho vontade de arrancar o braço da cadeira e atirar na tela, mas nesse novo filme do Damien Chazelle (o cara do Whiplash e do La-La-Land), isso até não aconteceu.

Eu não vou dizer que não existem filmes bons com o Ryan Gosling. Existem. O que eu costumo dizer sobre eles é “esse filme é bom APESAR do Ryan Gosling”. E O Primeiro Homem é um desses casos.

O filme é baseado na biografia do Neil Armstrong, o primeiro astronauta a pisar na Lua. O Neil do filme é um cara fechadão, atormentado por um trauma (é spoiler se eu contar) que o fez meio que virar as costas pro mundo real e olhar pra Lua. A gente acompanha a missão Apolo 11 como uma jornada pessoal de Neil, com uma fotografia suja e sessentista e muita câmera na cara de NADA do Ryan Gosling, que aqui funcionou, porque acredito que o diretor quisesse que o personagem fosse numb mesmo, apático, sem mais conexão com tudo à sua volta. Entendam: se Ryan concorrer ao Oscar por isso, pra mim é tipo o Stallone concorrendo por Rocky. Injustiça, Luis… Injustiça! O Sly mereceu bem mais!

Mas o ponto é esse: é só Gosling sendo o ator inexpressivo que ele é. Não é uma grande atuação. A “Carla Gugino genérica” que interpreta a mulher dele rouba a cena sempre que aparece. Depois eu fiquei sabendo que é a Claire Foy, da série The Crown, que eu nunca vi, mas na primeira cena cheguei a tremer de emoção achando que era a Carla, que é uma das minhas atrizes preferidas.

Acho que o grande trunfo de Chazelle com O Primeiro Homem foi mostrar essa história que todo mundo conhece (e alguns duvidam) menos como uma grande conquista americana na corrida espacial contra os russos e mais sob uma ótica humana, de realização pessoal, de exorcismo de demônios interiores. Neil deu check-out da Terra muito antes de ir de fato à Lua. Pisar lá, pra ele, era muito mais do que “Um pequeno passo para o homem e um grande passo para a humanidade”. Pisar lá era fuga, era se encontrar consigo mesmo novamente, era um closure para uma coisa muito triste que eu infelizmente não posso te contar aqui (mas que tu vai descobrir no cinema porque o filme estreia hoje) e que, com toda certeza, bagunça a cabeça de todos aqueles com os quais ela acontece.