Os Guardiões- O que foi que eu acabei de ver…?

A coisa é Russa…literal e figurativamente…

Pois é, negadinha, com o atual e inegável sucesso dos filmes e séries baseadas em quadrinhos, é claro que toda a industria cinematográfica ao redor do globo ia querer tirar uma casquinha. Temos filmes de super heróis de Bollywood, da China, do Japão e até da Russia, que é o caso de Os Guardiões, do diretor armênio Sarik Andreasyan.

Guardians

Quando o primeiro teaser pintou na rede, automaticamente aguçou a curiosidade de todo mundo com seus personagens caricatos, sim, mas muito estilosos (Porra, um homem-urso usando baita duma metranca? COMO NÃO GOSTAR DISSO?). E a cada novo trailer a curiosidade só crescia. Pois bem, o filme caiu na rede e eu resolvi matar a curiosidade. O que achei? Vocês saberão após uma breve sinopse.

Em “OS Guardiões” um cientista russo tenta criar super-soldados em plena Segunda Guerra Mundial através de experimentos em animais e…humanos. Após descobrir as atrocidades por trás de tais experimentos, o governo Russo saí a caça do tal cientista que prefere destruir seu próprio laboratório ao invés de entregar suas pesquisas nas mãos de outros. Acontece que a tentativa de destruição não apenas falha como a mistura de químicos dá incríveis poderes ao tal cientista que, nos tempos atuais, resolve que é hora de dominar o mundo através de sua habilidade de controlar máquinas. O plano? Controlar um satélite-canhão mandado ao espaço pelos EUA durante o governo Reagan e ameaçar o mundo. O que o cientista não sabia era que 4 de suas cobaias humanas ainda estavam vivas e o exército russo resolve que eles serão sua arma de contra ataque. São eles: Ler, o homem capaz de controlar pedras, Khan, com super velocidade e habilidade com espadas, Kseniya, que pode ficar invisível sob a água, e Asus, que pode se transformar em um homem-urso. Liderados pela major Elena Larina, eles terão que se unira para salvar não apenas a Russia, mas o mundo!

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ATENÇÃO: A PARTIR DAQUI O SPOILEROVIKIS VAI COMER SOLTO!

Bem, pra começar sendo curto e grosso, Os Guardiões é um filmeco de merda que não faz jus ao hype criado pelos seus trailers! Ponto! Eu não vou passar a mão na cabeça e nem usar aquela velha justificativa “Ah, mas é um filme modesto, de baixo orçamento, não um blockbuster americano com orçamento inflado. Dá um desconto, vai…”. Entendam, o filme não é ruim apenas em sua produção baixa renda, ele é ruim desde a raiz do roteiro!

O filme, claro, é uma colcha de retalhos de referências a famosos super heróis americanos, já que, até onde eu sei, não são adaptação de nenhuma HQ russa. As referências mais gritantes são ao Quarteto Fantástico ( o cara que controla as pedras e FAZ UMA ARMADURA DE PEDRA e a mulher que fica invisível são referências diretas e descaradas), Vingadores e, em menor escala, X-Men. Porém, entre seus maiores defeitos, ele acaba lembrando muito Esquadrão Suicida, já que ele tenta te fazer se importar com os personagens de uma maneira rápida demais e, assim como em E.S, acaba ficando extremamente forçado.

Em vários momentos, sem motivo aparente, todos os personagens resolvem abrir seus corações para a major Elena Larina (que porra de nome é esse…?) e a mulher, que deveria ser durona tal qual um Nick Fury loiro de olho azul e salto agulha,  sempre fica emotiva e cheia de compaixão e acaba por aconselhar seus quatro soldadinhos de estimação. Em um certo ponto do filme eu já estava me perguntando se ela não teria mais sucesso em uma carreira como psicóloga…

Larina e sua eterna cara de choro quando alguém resolve abrir o coração...

Larina e sua eterna cara de choro quando alguém resolve abrir o coração…

No campo dos personagens temos problemas pra todos os lados. Primeiramente me sinto na OBRIGAÇÃO de perguntar: QUE PORRA DE VILÃO É ESSE??? O cara deveria parecer uma montanha de músculos assustadora mas acabou parecendo que estava vestindo uma fantasia bizarra de bebê gigante!

Estranho

Sério, eu queria MUITO saber o que se passou na cabeça de quem pensou  “Olha, a gente pode pegar um ator que seja musculoso e colocar uma maquiagem nele pra ficar assustador! Ou a gente pode simplesmente pegar essa roupa do Fanático do X-Men: O Confronto final que saiu ruim do molde e a Fox jogou fora, e vestir o cara que fica MUITO MAIS MANEIRO!”. O grande problema é que FICOU UMA MERDA! O visual é horrível é fica claro o tempo todo que aquilo é uma camisa acolchoada já que quando chega na cintura, a virilha do sujeito está a um palmo de distância do ultimo gomo de abdômen falso. Isso sem falar nas dobras quando o sujeito resolve levantar os braços com dificuldade. Dificuldade, aliás, é uma constante pro ator, já que fica claro a todo momento que até andar com essa porcaria era difícil pra ele.

coisa nojenta

Olha essas dobras nos braços dessa roupa vagabunda…que coisa nojenta, meu Deus…

Os efeitos em CG tem seus altos e baixos. Os altos estão nas cenas com as aranhas-robôs que atiram e parecem uma cruza de algo saído de Ghost In The Shell com algo saído da nova trilogia Star Wars (a do Anakin, não a da Rey), coisas mecânica, explosões e prédios caindo. As ruins estão em qualquer personagem em CG que tenha que parecer humano. Isso inclui a Sue Richard das águas e, é claro, Asus, o Homem-Urso.

A movimentação do Asus é esquisita ao extremo e sua interação com pessoas reais deixa isso mais evidente. Ele parece uma cut scene gigante de um jogo de Playstation 3 que fugiu para o mundo real. “Ah, mas é baixo orçamento” não é uma desculpa que estou muito disposto a aceitar, já que já vi muito filme de orçamento minguado usar CG de maneira mais satisfatória, vide a duologia Hellboy e o recente Colossus em CG de Deadpool.

Asus

Mas a Sue Richards Aqualad também não escapa das criticas. Além de um poder tão inútil em combate quanto o da “Senhora Fantástico”, os da senhorita Kseniya tem o agravante de só funcionarem na água. Ou seja, a menos que esteja chovendo ou for uma missão submarina, ela é praticamente um peso morto. Para compensar isso jogaram uma pitada de “Viúva Negra porradeira”, claro. O grande problema agora é com a atriz Anna Kravtsova, dura feito uma pedra na hora de executar as coreografias, dando socos tortos, fazendo poses erradas e só se concertando quando a dublê a substitui de forma gritantemente visível, dado o nível de ruindade na arte de descer o sarrafo da moça.  Ah, e ainda no campo dos problemas com a personagem, toda essa habilidade de luta parece só funcionar quando ela está brigando com os próprios colegas ou treinando no quartel general dos Guardiões. Quando ela está em campo, parece esquecer de tudo isso e acaba protagonizando momentos constrangedores, como quando fica acuada por uma chuva de balas no terceiro ato do filme.

e seu incrível poder de se arrastar ao invés de levantar e correr!

Kseniya e seu incrível poder de se arrastar ao invés de levantar e correr!

Os que sofrem menos problemas são o líder com cara de terrorista calvo e o ligeirinho das lâminas, que acaba por protagonizar alguns dos melhores momentos do filme. Vejam bem, eu disse “menos problemas” e não “nenhum problema”.  O senhor pedregulho sofre com total falta de carisma enquanto líder (beijos, Ciclope), enquanto que o papa-léguas das espadas tem certo carisma mas, na cuta e broxante luta final, parece esquecer que consegue ser mover extremamente rápido.

Ah, e voltando ao roteiro, o mesmo é cheio de diálogos extremamente infantiloides e  momentos de dar vergonha alheia. Em um deles, a Kseniya se “sacrifica” pra desligar o gerador do campo de força do vilão. A cena é feita pra parecer que ela morreu de uma maneira nobre mas, um minuto depois, a moça já está de pé como se nada tivesse acontecido. Mas a cereja do bolo está no final a lá Monster Rancher. Eu nunca fui fã de Monster Rancher, achava que era apenas uma cópia merda de Pokémon, e de fato o era. Mas lembro que a série sofreu uma mutação passando de uma história sobre monstros que protegiam o personagem principal, que era um garoto humano, contra outros monstros pra uma história onde, do nada, o moleque ganhava habilidades de luta e mais do nada ainda, ele podia unir sua energia com a dos monstros pra lançar um ataque especial. A mesmíssima coisa acontece aqui. Do nada é revelado que os Guardiões podem se unir e soltar uma espécie de hadouken/genkidama para derrotar o vilão, numa alusão clara a Guardiões da Galáxia. O resultado é outra vergonha alheia com o mesmo resultado da cena de suposto sacrifício anteriormente citada.

que porra

“Ah, mas o filme só tem coisa ruim, tio Hellbolha?”. Claro que não, jovem criança. Ele tem alguns poucos bons momentos. O Asus, apesar do CG cagado e de aparentemente ter a habilidade de reconstruir calças através de micro-partículas de tecido presentes no ar, tem muitas cenas massavéio bacanas, bem como o Khan e sua super-velocidade (apesar de que essas cenas estão todas nos trailers…). O problema é que os fatores ruins se sobrepõe muito sobre os fatores bons. Por exemplo, esse é, sem sombra de dúvidas, o grupo de heróis que mais facilmente é derrotado pelo vilão a cada encontro direto que eles tem. Bem que o Evandro tinha me avisado…

Enfim, “Os Guardiões” é uma boa iniciativa da Russia de colocar os pés no cinema de super-heróis, mesmo já tendo dando uma pincelada com “Guardiões da Noite” e sua sequencia , “Guardiões do Dia” (agora que me toquei…eles tem certa fixação pela palavra “Guardião”…). Infelizmente eles nos entregaram bem menos do que prometeram, mas a gente já está meio que acostumado graças ao universo cinematográfico da DC. No entanto, vale frisar uma coisa: Mesmo com todos os defeitos, Os Guardiões consegue ser MUITO MELHOR que Esquadrão Suicida. E tenho dito!

Nota 4,0