Ninja Slayer: A nobre arte de ser bom e ruim ao mesmo tempo!

E, ainda assim, MUITO MELHOR QUE NARUTO!

Olá, jovos e jovas, hoje venho-lhes falar-lhe-vos de um dos poucos mangás que venho acompanhado ultimamente, tanto pela falta de verba quanto pela total falta de interesse em outros títulos que entopem as bancas ( mas o primeiro fator é o que mais pesa…). Trata-se de Ninja Slayer, mangá que está longe do hall dos “mainstreans blockbusticos” e que, exatamente por ser desconhecido, chamou minha atenção. E, claro, por ter ninjas também, carambolas!

Tem ninja pra caralho...

Tem ninja pra caralho…

No entanto, Ninja Slayer é um daqueles mangás que te deixam com uma opinião diferente a cada volume. Uma hora você fica empolgadaço, outra hora você quer jogar a porra do mangá de lado e ir ver a grama crescer de tão massante que se torna. Isso se deve a uma série de fatores que explicarei a seguir mas, antes, vamos dar uma passada na trama DE FORMA CRONOLÓGICA (você vai entender o por que disso já, já).

Kenji Fujikido é só um “everyday normal guy” quando, repentinamente, ele, sua mulher e filho, são pegos no fogo cruzado de uma guerra ninja. Sua mulher e filho perecem mas, quando estava perto de bater os ki-chutes, Kenji recebe a proposta de um espirito ninja, chamado Naraku Ninja, para servir de hospedeiro e obter vingança contra todos os ninjas do mundo. E assim nasce a cruza do Justiceiro com o Ultraman com sangue nos óio e shurikens nas mãos!

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Curiosamente, ao contrário da maioria esmagadora dos mangás, Ninja Slayer não é uma criação 100% japoronga.  Ele é baseado na criação de dois norte americanos que usam os pseudônimos de Bradley Bond e Philip Ninj@ Morzez (“Ninj@” com arroba mesmo) e surgiu como uma série de livros. Com o sucesso da empreitada, uma versão em mangá foi levada a cabo e ficou nas mãos do roteirista Yoshiaki Tabata e do desenhista Yuki Yogo, ambos responsáveis por outro mangá maluco pra caralho chamado Akumetsu.

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O grande problema de Ninja Slayer não está nos desenhos. O traço de Yuki Yogo, aliás, é o grande chamariz da obra, com um estilo que parece uma mescla do traço mangá com algumas características dos comics que, arrisco a dizer, chega a beirar um quadrinho europeu (claro que eu posso estar exagerando pra cacete…mas é como eu vejo). O grande problema de Ninja Slayer está no que tange a sua narrativa e na decisão IMBECIL de publicá-lo fora de ordem cronológica, coisa que alguma anta (desconfio do Yoshiaki Tabata) deve ter julgado a coisa mais SENSACIONAL a se fazer e acaba tornando a leitura do mangá uma montanha russa de emoções: uma edição ESPETACULAR seguida de uma edição MERDA que conta uma história aleatória e que não contribui em bosta nenhuma com a trama. Um verdadeiro CU!

Aqui e a seguir, páginas aleatórias do mangá mostrando o traço FODA do Yuki Yogo por motivos de "por que sim"!

Aqui e a seguir, páginas aleatórias do mangá mostrando o traço FODA do Yuki Yogo por motivos de “por que sim”!

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No quesito da narrativa, temos o problema justamente do narrador. Toda a história é narrada de um modo bem babaca e totalmente desnecessário. Você não vai ler coisas como “A chuva cai pesadamente em Neo Saitama. Na escuridão, um predador negro-escarlate espreita sua presa. Ele sente sede de sangue…e de vingança.”, você vai ler coisas como “Ele gritou uma giria de Yakuza! QUE MEDO!” e essa narração ESTUPIDA PRA CARALHO te faz ter duas sensações distintas:

1- A história é narrada por uma professora do maternal que vai te explicando o que sentir em cada cena.

2- Você está lendo uma adaptação de um daqueles filmes produzidos em Uganda no qual tem um narrador que parece o Galvão Bueno reagindo a cada cena.

Eu fiz questão de reler o número 1 sem essa narração de merda e o mangá ganhou uma agilidade de quase 100%. Eu disse “quase” por que outra coisa que acaba sendo chata pra caramba é o excesso de notas de rodapé em alguns momentos. Em todo quadro tem uma expressão japonesa desconhecida e colocada em um contexto de “maloqueiro”, aí a explicação é duplicada.  Mas nada no nível Ghost in the Shell.

Quanto a questão da não linearidade da trama, isso acaba dando nos nervos já que o mangá é bimestral aqui no Brasil e a primeira edição foi ótima mas deixou um gancho pra uma sequencia de acontecimentos ainda mais sensacionais. Dois meses depois, o que acontece? A porra de uma história chata pra caralho inicia a edição dois e nada tem a ver com o gancho deixado na edição um. Na metade da edição dois começa uma história que eleva a qualidade de novo mas que termina com um “continua”. Eu já esperava que a edição 3 fosse fazer um desvio de merda de novo e cagar a porra toda mas, por sorte, ela continuou e fechou a história. Já na edição 4 não apenas temos uma história bem “nhé” que se passa MUUUUITO depois do tal gancho da primeira edição como nos dá spoilers fudidos do que acontece nessa história que só será publicada sabe lá Buda quando!  Isso sem falar que a edição demorou QUATRO MESES pra ser publicada no brasil por que o japoneses não aprovavam a capa…uma beleza…

A capa da discórdia.

A capa da discórdia.

Outro lance que acaba ficando meio chato em alguns momentos é o fato do personagem principal da trama NÃO APARECER até o ultimo momento. É como aquelas edições de Blade: A Lâmina do Imortal onde o Manji sumia e a história ficava a cargo dos coadjuvantes. No caso de Blade, os coadjuvantes tinham carisma o suficiente pra levar a trama até o Manji voltar ao holofotes. No caso de Ninja Slayer, isso nem sempre acontece…

Ah, e ninja Slayer também ganhou uma adaptação em anime produzida pelo Studio Trigger, mesmo de Kill la Kill. Isso já seria a garantia de uma animação de qualidade, certo? Errado! O anime é todo produzido na galhofagem com animação tradicional dando lugar a bonecos recortados nas cenas de luta, o que acaba deixando a coisa toda com um ar meio Kill la Kill meio South Park. A parte interessante é que nas partes animadas de forma tradicional, o estúdio copia frames de outros animes, como quando o ninja Slayer se apresenta no episódio 1 e faz a pose do Shurato quando coloca sua armadura, ou mesmo na abertura, que termina com o mesmo take da abertura do tokusatsu Jiraya (aquele famoso pulo do Jiraya com a câmera dando close na imagem estática em baixa resolução). A favor do anime fica a trama, com menos enrolação e contada de forma linear. Abaixo os episódios 1 e 2 disponibilizados pelo próprio Trigger no Youtube, pra vocês verem o tamanho do cabaré( o vídeo pode aparecer como fora do ar pra vocês, mas é só dar play que ele roda. É que ele está em modo ninja)…

Por fim, o mangá de Ninja Slayer, como já dito, é uma montanha russa de sensações. Eu continuarei acompanhado pois a arte, a narrativa visual e as cenas de porradaria ainda me prendem, enquanto o roteiro inconstante fica me puxando pela camisa e me dizendo com olhos do Gato de Botas “Continua, vai…vai melhorar, eu prometo….”.  No entanto, se eu recomendo…? Bem, eu só posso dizer: leia e tire suas próprias conclusões.
Nota: 7,0…não, pera…6,0…não, não…4,o…não é definitivamente um 7,5…eu acho…