Monstro do Pântano – Raízes vol.1

E se reclamarem vai ter mais Monstro do Pântano.

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Assim como o Semente Ruim (resenhado aqui), Raízes foi uma das aquisições da Multiverso. Minhas esperanças para adquirir esse volume estavam esgotadas assim como ele, mas vai qua agora que a Panini colocou o vol. 2 em pré venda as coisas mudem um pouco.

Criado em 1971 para a publicação de terror e mistério da DC Comics House of Secrets, os criadores Len Wein (roteiro) e Bernie Wrightson (arte) originalmente a criaram para ser uma one shot. A história mostrava o trágico destino de Alec Olsen, um cientista traído por Damian Ridge seu melhor amigo, que nutria um profundo ódio por Olsen ter se casado com Linda, seu grande amor. Uma noite, Damian explodiu o laboratório de Alec com o jovem cientista dentro, porém este milagrosamente sobreviveu. O falso amigo então enterrou o moribundo no pântano.

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Um ano após Damian ter se casado com linda, uma disforme criatura nascida do pântano surge, com um visual um pouco diferente da criatura como a conhecemos, mais disforme e menos musculosa. Damian está paranoico, certo de que Linda sabe sobe o assassinato de seu grande amor e frustrado por concluir que nunca será amado como Alec, e então decide matá-la. Só que, antes de consumar o ato, a criatura irrompe pela janela e mata seu algoz. Incapaz de se comunicar com seu grande amor e consternado com o seu pânico, a criatura parte em direção ao pântano  que a criou para nunca mais ser vista.

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O que aconteceu é que essa história foi u sucesso, e a DC começou a receber muitas cartas pedindo novas histórias com a criatura, porém Wein e Wrightson se recusaram a continuar escrevendo-o, então a ideia foi abandonada. Porém anos depois os dois resolveram retomar o personagem com algumas modificações.

A criatura agora anteriormente era o cientista Alec Holland, que trabalhava com sua esposa Linda (também cientista) em uma fórmula biorestauradora para o governo. Para que possam trabalhar longe do assédio de compradores externos, os dois são movidos para uma estação de trabalho nos pântanos da Louisiana. Só que representantes de uma organização  chamada de Enclave descobrem a localização de ambos, e ao recusar a proposta, Alec acaba explodindo com seu laboratório. Em chamas e coberto de sua fórmula, o cientista em desespero se atira na água lamacenta. Semanas depois uma criatura feita de musgo e plantas surge do mesmo ponto onde Alec Holland presumidamente encontrara descanso eterno.

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Alec consegue vingança, porém é incapaz de salvar Linda. O agente responsável pela segurança dos dois e também amigo do casal, Matt Cable, conclui que o monstro matou Linda e Alec, e não vai descansar até matá-lo. Durante essa jornada ele e criatura enfrentarão lobisomens, bruxas, autômatos, além da ameaça de provavelmente o maior inimigo do Monstro, Anton Arcane e seus não-homens.

Pra quem leu tudo que foi escrito após a fase Moore, essas histórias podem parecer um tanto quanto bobas ou estranhas. Diferente da divindade conhecida como o Avatar do Verde, o Monstro aqui é uma criatura ainda se acostumando à sua nova condição e descobrindo suas habilidades. Alec (aqui a criatura ainda era Alec) é um personagem bastante trágico, um ser a parte da humanidade e que pretende reconquistar a sua própria, uma monstro que ainda balbucia algumas toscas palavras, que utiliza quase que unicamente da força bruta. As histórias estão longe de serem ruins, na verdade são bem divertidas, mas é um Monstro do Pântano que não existe mais, que morreu na história que precede a clássica Lição de Anatomia e nunca mais voltou.

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Pra quem conhece um pouco os personagens de terceiro e quarto escalão da Marvel a semelhança com a história de origem do Homem Coisa provavelmente não escapou. O personagem da Casa das Ideias inclusive foi criado antes da primeira versão do Monstro, mas com o tempo ele caiu no esquecimento e hoje aparece raramente nos títulos da Marvel.

A arte de Bernie Wrightson é bastante sombria e bem detalhada, sendo crucial para o clima das histórias. Sua habilidade em criar monstros é maravilhosa, e o uso da retícula em alguns desenhos acrescenta a ar de terror ideal em alguns quadros. Wrightson ilustrou Monstro do Pântano até a edição 12, Wein se afastou do título algumas edições depois. O título acumulou uma série de histórias medíocres a intragáveis e fracassos de venda até ser finalmente cancelada em 1976. Em 82 o título voltou rebatizado de A Saga do Monstro do Pântano, impulsionada pelo terrível filme dirigido por Wes Craven. Originalmente ela era escrita por Martin Pasko, que foi cagando pelos dedos até a série novamente ficar a beira do cancelamento. Na edição 20 o então desconhecido Alan Moore assumiu os roteiros e o  resto é história.

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A  edição da Panini segue o  mesmo tratamento dado para tudo que não seja de super herói colorido e porradeiro, por melhor que seja a qualidade do material, ou seja, papel jornal de merda. Apesar do acabamento pífio, é o tipo de material que vale o investimento. O preço de capa é 19,90 mas não me lembro quanto paguei, já que foi de segunda mão e está esgotado. Torçamos para que haja um relançamento em breve.

Godoka
26/09/2016