Manhattan e o Mar – Parte 3: O Diário Marítimo

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Se a bolacha de água e sal é feita apenas com água e sal, então o mar é um baita dum bolachão”.  – Jacques Costeau.

Amiches compostos por 60% de água… convivas do mar… filhos e filhas de Netuno! Saudo-vos! Ahoy! Por motivos de por que sim tive de deixar a companhia da terra firme para singrar-me nos mares revoltos que constituem o quintal do Namor. Munido de minha touquinha de marinheiro-moto-boy aventurei-me nas profundezas ocultas do oceano em busca de porra nenhuma pois nem sabia que tinha de procurar algo na verdade. E assim, em meio às ondas, devaneios, o canto das sereias e a porra desse som do teste do alarme de incêndio (PRO INFERNO COM ESSA PORRA!!) surge este pÓstE: o diário marítimo do mar enquanto mistura de água e sal.

 

Dia 01) Se essa porra não virar, olê olê olá…

Em virtude das obrigações advindas do trabalho, tenho outra vez de abandonar a terra firme para trabalhar num barco pesqueiro de ilusões em alto mar. Para tal, faz-se necessário ir ao aeroporto pegar um voo de submarino até a locação onde estará o barco, onde pularei usando um paraquedas feito de chumbo. Pego a van do trabalho. Aproveito para procurar pokémons no trajeto. Jogo urina de pokémon fêmea no cio em cima de mim para atrair outros pokémons no caminho. Funciona. Capturo muitas criaturinhas. Elas não resistem ao cheiro. Viram presas fáceis. As pokébolas caem do céu como flechas  no visionário filme Os 300 de Esparta. É hora de testar minhas habilidades colocando os bichos para lutar nas rinhas. Um ginásio vermelho comunista está à disposição. Meu pequeno pônei rainbowdash from hell with lasers galga os espaços do ginásio. Sou o Anarquistinha. Prego a libertação das mentes. A pokébola é uma metáfora. O pokémon que entende a necessidade e beleza da Anarquia é transportado para uma comuna pokémon onde viverá a liberdade plena com outros bichinhos. Aqueles que insistem em defender o sistema que vivem não adentram nas pokébolas. Pau no cu deles. Reacionários do caralho. E pau no cu da equipe azul.

 

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É hora do voo. Vejo o Barzil fazer um gol cagado em Honduras na TV do aeroporto. Foda-se. Pego o helicóptero e lanço-me no espaço quase 200 km além da costa… Já muito distante, avisto, quase já se perdendo no horizonte, a praia em que escrevi “eu te amo, HDR” na areia. Tento ver a mensagem escrita… mas a onda do mar apagou.

 

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Estou no helicóptero. Se essa porra explodir em pleno voo… tá todo mundo fudido nessa caralha.

Já em segurança na ilha de metal e sangue negro, ouço o encarregado de segurança desferir impropérios a respeito de barbas e a religião muçulmana. Pergunto-me o que aconteceria se eu gritasse Allahu Akbar agora. Preconceituosos do caralho. Prive um homem de sua barba e estará privando-o de sua liberdade.

 

DIA 02) Muito trabalho e pouca diversão fazem de Jack um bobão.

O brilho da Ursa Maior aquece os corações gelados dos marinheiros. Não a mim. E nem aqueles que comigo estão no Hemisfério Sul. O trabalho já me consome muitas horas de sono. Às vezes queria que o mar me consumisse. Que o mar consumisse a tudo. O mundo morrerá de waterworld em algumas décadas. Um gaivota sussurra em meu ouvido “Namor Mito Presidente 2038”. A gaivota se transforma em flecha. E na flecha há uma mensagem. “O pau no cu que precisamos” é o que está escrito.

Saudades Hawkeye <3

Saudades Hawkeye <3

DIA 03) FUCK THE CAP!

É só isso mesmo. Fuck the cap!

 

DIA 04) Don´t feed the Kraken

Um inesperado ataque de Kraken coloca toda a tripulação em risco. É hora de separar as crianças-paralelepípedo dos homens-papagaio. Lançamos arpões, patinhos de borracha, cilindros de oxigênio… mas nada parece deter a cólera do Kraken. Uma tempestade biliosa varre o convés. Tamanha a tormenta, indago-me se estamos acima ou abaixo das águas. O Kraken só dá fim a sua fúria colossal ao ouvir ótimas piadas de Joãozinho. Contudo, apesar da vitória, o Kraken levara consigo parte de nossos sonhos para o fundo do mar.

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DIA 05) Amigos ausentes.

Diante de mim, a vastidão do mar e do tempo. O Oceano aparentemente infindável à minha frente parece pequeno diante de toda a minha solidão. Posso ouvir impressos nas espumas do mar o brindar de copos amiches em Porto Alegre. Lá longe, muito longe, grandes amigos estão em júbilo em meio a quadradinhos, cervejas, pães de queijo burguers e toques fortuitos no corpo de Daniel HDR. Aqui sigo entregue à frieza da Lua. A única testemunha de meu pesar.

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DIA 06) Inception

Não podendo estar fisicamente com os amiches em PoA, decido encontrá-los por meio de Inception. Encontro Gilbs, Zweist e Evandro num passeio repleto de sorrisos e amichitude. Contudo, o ataque plásmico de uma lesma gigante elétrica (UMA PORRA DE LESMA ELÉTRICA GIGANTE, MAS GIGANTE PACARALHO!) coloca um fim em nosso pequeno momento juntos. A alegria é tão fugaz. Mesmo no mundo Inception.

 

DIA 07) O balde de Cthulhu

Standing there, wind blowing through your hair Eyes on fire, colour everywhere When you gaze into the sky All alone with no disguise You’ve survived at the Mountains of Madness You’ve survived at the Mountains of Madness

Nada mais faz sentido. Estamos todos perdidos nas brumas das idades. Os corvos de algodão  perfuram meu crânio com seus bicos de metal de forma ensandecida disputando os rotundos vermes esquizóides que habitam minha cabeça. Só então, quando me dou conta de sua existência, é que os corvos se esvanecem no ar.

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DIA 08) ‘Stamos em pleno mar… doudo no espaço brinca o luar…

Esqueci o que aconteceu nesse dia. O vício contumaz em fumar uma mistura de táquions com balinha Juquinha conduz-me ao profundo esquecimento do mundo.

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DIA 09) Mals ae, Namor

Navegamos para longe da costa para fazer descarte de rejeitos sanitários do barco. Todos os resíduos de 30 tripulantes armazenados nos últimos dias sendo arremessados ao mar. Sinto-me como se estivesse cagando na cabeça do Namor.

 

DIA 10) Fênix… essa gostosa.

Dez dias embarcado… longe de tudo… sem porn e namorada… começo a olhar a figura da moça da embalagem de água mineral fênix com certo tesão.

MIRA QUE TESÓN!!!

MIRA QUE TESÓN!!!

DIA 11) O canto da sereia

Um buraco de minhoca marítima nas espumas quânticas do espaço-tempo aquoso nos transporta para o futuro. O mundo está morto de waterworld. As gaivotas brincam com glóbulos oculares dos últimos marinheiros que se atreveram a sobreviver.

Mesmo com o cenário de terror lá fora, minha cabeça está fora de si por conta do canto doce de uma mulher. Sua voz me persegue há dias me impedindo de pensar em qualquer coisa que não em sua imagem impressa na embalagem de água mineral…  seu corpo gracioso… seu olhar misterioso. O delírio é constante. Mesmo quando retornamos para o presente minha agonia não se encerra. Eu a desejo com todas as minhas forças. Tenho de permanecer fiel a Natalli e HDR… mas a febre… a febre me consome.

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A MÃO DA PUNHETA CHEGA A TREMER…

 

DIA 12) Delírio.

A moça da embalagem de água fênix continua seu chamado. Não sei por quanto tempo mais conseguirei resistir.

 

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DIA 13) Um dia e um despertar.

Como uma sirena a figura da moça da embalagem de água me seduz com seu canto irresistível. Seu canto é doce. O mel de seus lábios me hipnotiza e me leva à loucura. Não há mais retorno. Eu e a moça da água mineral Fênix nos convulsionamos numa dança erótica e antiga. Um abraço de corpos que carrega em si a energia de criação do próprio Universo.

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O cosmos treme ante a selvageria de nosso desejo. Me perdoe, Natalli. Me perdoe, HDR. Mas não havia outra saída desse labirinto de desejo senão entregar-me à moça da embalagem da água mineral fênix.

 

DIA 14) Freedom!

Finalmente minhas obrigações têm um fim. Sou novamente um homem livre. Despeço-me do mar com uma saudação respeitosa e alegro-me ao pisar em terra firme. Um sorriso se desenha em meu rosto. Contudo, uma brisa advinda do Oceano traz consigo o sussurro de uma outra gaivota. Ela me lembra que tudo conhecerá um final e que um dia tudo estará sob as águas. E isso ocorrerá quando o peso das desilusões humanas não mais puder ser suportado pela terra firme. Tento não me deixar influenciar pela mensagem, mas o sorriso de meu rosto desaparece. Resta apenas seguir um outro horizonte, por terra firme. Retorno então para casa com o sal impregnado em meu corpo. Na minha carteira, trago guardada, just in case, a embalagem da água fênix e todas as lembranças de nossa paixão ardente.

 

E é isso amiguinhos. Permaneçam hidratados e até o próximo pÓstE.