Made in Abyss

Vamos usar uma analogia para descrever Made in Abyss.

O Black Sea Devil é um peixe abissal, muito raro e poucas vezes visto, mas meio que famoso. Ele tem uma simpatica e bela luzinha na cabeça. Então um peixinho vê aquela luz e segue. Quando nota, está de frente à um pesadelo horroroso de dentes.

É assim que Made in Abyss te apanha.

Os personagens são crianças desenhadas com o máximo de fofura e os visuais, tanto no mangá quanto no anime são de uma beleza rara fora dos Estudios Ghibli.

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E da mesma forma, te atraem para um mundo de horror.

A historia começa em Orth, uma cidade construida no interior do que parece ser um vulcão isolado no mar. Mas ao invés de uma caldeira vulcanica, está o misterioso Abismo, ao redor do qual a economia da cidade gira.

O Abismo é profundo, muito profundo, com os mapas mais atualizados contando cerca de 20.000 metros, abaixo da superficie do mar. Para ter uma noção, a Fossa das Marianas, está há 11.000. E não dá pra ter certeza se isso é o final do Abismo.

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O Abismo porém é a fonte de diversos artefatos deixados por civilizações antigas e desconhecidas, alguns com capacidades que desafiam a física e o governo compra esses, em especial os mais poderosos, aparentemente para usar em guerras. Os responsáveis por encontrar esses artefatos são os chamados Invasores de Cavernas, divididos entre os aprendizes Apitos Vermelhos, depois os Azuis, Lua, Negros e a elite da elite, os Apitos Brancos.

Essa divisão é importante, porque o Abismo não é só um buracão no chão. É um dos ambientes mais alienigenas e hostis que já vi. Ele é dividido em 7 camadas, cada uma com caracteristicas e ecosistemas próprios e nomes simpáticos como Cálice dos Gigantes ou Mar dos Cadáveres.

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Além dos próprios desafios da descida, há ainda a muito hostil fauna que habita as camadas, já letais lá em cima, mas ficando mais antiga, mais astuta e mais perigosa conforme se desce. Não que a flora seja 100% segura também.

Então, só é permitido aos Apitos Vermelhos irem até certo ponto da primeira Camada, e apenas os Brancos podem ir até a quinta. Isso  por causa não apenas desses perigos, mas principalmente pelo aspecto mais perigoso do lugar, a Maldição do Abismo.

O abismo é cercado, imerso talvez, em uma especie de “campo de força”, uma atmosfera que impede por exemplo que se veja o que tem lá embaixo se você olhar do topo. Esse campo também banha o lugar em luz, de forma que o Abismo não é imerso em escuridão como uma caverna comum.

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Mas de alguma forma ele gera a Maldição. É um tipo de condição debilitante que vai se agravando progressivamente conforme se desce, ou melhor, conforme se sobe. Se voce está na primeira camada, ao subir vai sentir certa nausea. Na segunda, mais severa, com dores de cabeça e dormencia muscular. Depois vai indo conforme a camada, alucinações, dor corporal lancinante, comportamento suicida, sangramento intenso por todos os orificios, e seguem. Tentar voltar da sétima é morte certa.

O treco é tão grave que subir cerca de 10 metros já ativa a Maldição e por isso, mesmo os Apitos Brancos só descem até a quinta Camada. Então descer é fácil, subir é que são elas.

É como fandom, fica pior quanto mais fundo você vai

É como fandom, fica pior quanto mais fundo você vai

Me estendi muito no ambiente, porque é bem legal, mas vamos à historia.

Em Orth vive Riko, uma Apito Vermelho que vive em um dos muitos orfanatos da cidade e planeja se tornar uma Apito Branco para alcançar sua mãe, que está desaparecida há muitos anos. Certa feita, durante uma expedição onde esperava encontrar algo realmente bom (apesar que primeira Camada é bastante explorada), ao tentar resgatar um colega ela se envolve em uma interação pouco pacifica com uma coisa que quer arrancar sua cabeça e é salva por um disparo de energia que vaporiza o animal. E um monte de outras coisas ao redor.

Ela descobre que quem fez isso foi um estranho menino que encontra desmaiado por perto. Só que ele tem braços de metal e uma pele de textura estranha. Pensando ser um artefato importante, o leva para o orfanato e o esconde, para que não seja tomado pelas autoridades. Riko consegue acorda-lo e lhe dá o nome de Reg, um cachorro que ela tinha.

Junto com alguns outros orfãos, Riko nota que Reg seria um artefato unico e para evitar problemas, o escondem com um disfarce de ser um outro orfão recem chegado. Tudo ok até que chega uma mensagem do Abismo, da desaparecida mãe da Riko. A menina interpreta como um indicativo que sua mãe está viva (ao contrário do que todos acreditam), e resolve ir até  fundo do Abismo em busca dela, mesmo sabendo que é uma viagem sem volta. Felizmente Reg se oferece para ir com ela, até para aprender mais sobre si mesmo.

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A historia então vai seguindo ambos pela descida, nos cenários estranhos, ambientes perigosos e pessoas igualmente estranhas e perigosas que eles encontram no caminho.

Dois tipo de pessoas parecem começar a acompanhar Made in Abyss. Aquelas que chegam já sabendo que podem encontrar uns trecos meio perturbadores, ou aquelas que como eu repentinamente gritam: “JESUS CRISTO! É MADOKA MAGICA DE NOVO!”

E quando chega nesse ponto, já é muito tarde. O peixe diabo já fechou os dentes e você está do lado de dentro.

Como mencionei antes, a parte técnica do anime é estelar. Temos gente vinda do estudio Ghibli, como Osamu Masuyama, cuidando dos belissimos cenários. Do Madhouse o veterano Masayuki Kojima, entre outros.

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A primeira temporada teve 13 episodios e o mangá está no 6 volume e seguindo e definitivamente é algo que compensa totalmente uma olhada. Indicação com sinceridade.