Leia Popeye e coma o vegetal que importa

Sou forte até o fim, com espinafre pra mim.

A Pixel continua seguindo com sua nobre missão de lançar uns encadernados com personagens das antigas. E agora para se juntar ao Mandrake e Fantasma chega o marinheiro Popeye.

Criado por Elzie Crisler Segar em 1929, como coadjuvante das tiras da família da Olivia Palito, Popeye logo se destacou o bastante para assumir o comando da bagaça. E fez algo parecido com o desenho da Betty Boop, onde também entrou de gaiato no navio e logo estava estrelando os seus proprios desenhos, incluindo o foda O Marinheiro Popeye encontra Simdbad, o Mariheiro, que inclusive perdeu injustamente um Oscar para uma produção do velho pecador Walt Disney, Sinfonias Tolas.

Ma isso não importa.

A IDW provando novamente que sabe tratar bem licenciados (Transformers e Tartarugas Ninjas, estão em ótimos momentos nas mãos da editora por exemplo) criou essas edições com a pegada das historias clássicas acrescentando até histórias dos outros personagens criados por Segar, como Sappo e o seu inquilino, o inventor Professor Caracol. Todos os personagens secundários, desde o Dudu, o Jeep, a Bruxa do Mar aparecem, até mesmo os mais obscuros como o dono da lanchonete onde Dudu é persona non grata, marcam presença.

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As histórias buscam ser o mais fieis possíveis às originais, de forma que a Olivia não é tão insuportável, pedindo ajuda a toda hora (embora ainda seja volúvel pra caralho), o Gugu é só um bebê, não tendo capacidades de adulto e mais importante, Popeye é forte pra porra mesmo sem espinafre.

A edição da Pixel está também de parabéns, com um prefácio o OTA, o lendário editor da revista MAD, explicando excrusivis a mudança do nome do inimigo do Popeye, de Brutus para Bluto (é meio complicado na verdade, mas em resumo os criadores tinham esquecido que criaram o Bluto e criaram o Brutus). A edição conta também com as capas das edições originais americanas e as variantes, inclusive com a imagem do Popeye socando os Xis-meins, desenhada pelo próprio John Byrne. E por sinal a capa da edição é uma referencia a capa da Action Comics 1, a mais importante revista da história.

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É uma pena que o personagem está meio esquecido, exceto por uns espasmos de produção, como essa série. Popeye foi o anti-heroi original afinal de contas. Um marinheiro caolho, que fala em resmungos, com braços estranhos e mesmo assim um sujeito legal e honrado, capaz de dar o beneficio da dúvida até para o Bluto.

Tendo sobrevivido por 85 anos, acusações de ser instrumento do imperialismo americano, das associações de fazendeiros (isso pode realmente ter dado certo, visto o quanto de espinafre eu comia quando moleque),Popeye merecia mais destaque e era mais do que hora disso acontecer. Talvez isso mude com a vindoura animação, aparentemente para  2016, dirijida por Genndy Tartakovsky.

O primeiro numero está nas bancas pelo nada extravagante preço de R$ 19,90.

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