Leia esta merda! – A Piada Mortal

Mais uma prova de que as melhores histórias do Batman são as que ele fica de lado.

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Brian Bolland emplacando a terceira aparição nessa humilde coluna! E pela segunda vez acompanhado por Alan Moore na época em que tudo que o que o cara escrevia se tornada um clássico instantâneo. (Clica na imagem para ampliar viu, Toddy?)

A Piada Mortal é uma história contada em dois planos temporais. O primeiro no presente, mostrando a caralhésima fuga do Coringa o Palhaço, o Bobo, o Palhaço, o Jóker, o Palhaço do Asilo Arkham (alguém realmente deveria rever o sistema de segurança daquela bodega) e a execução do que parece ser seu plano mais doentio. Durante isso ocorrem diversos flashbacks mostrando a vida passada do vilão, um humorista de merda com uma esposa grávida e nenhum puto no bolso.

A história abre com Bátima indo ao encontro do Coringa em sua cela para uma conversa definitiva procurando uma maneira de evitar o fim mais provável de todos, um dos dois invariavelmente morto pelas mãos do outro. A morcega percebe a fuga do palhaço,começa a ter um ataque de pelancas e sai de cena pra começar a parte que importa.

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O vilão está a procura de um local para a realização de seu plano, negociando com um mané qualquer a venda de um velho parque de diversões. Nesse momento vem a primeira recordação. Esposa grávida, aluguel atrasado, desemprego, desespero. A história continua e temos Jim e Barbara Gordon conversando sobre o fugitivo do momento, a primeira aparição, as sensações de insegurança e medo que um maníaco imprevisível a solta geram. De repente toca a campainha e temos uma das melhores sequências da história (talvez uma das melhores desenhadas pelo Bolland).

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De volta ao passado, situações desesperadoras geram medidas desesperadas, e o honesto futuro pai de família (QUE DELÍCIA, CARA!) não vê outra opção além de ajudar dois malandros em um assalto. Um plano bem simples, é só guiar os dois através da fábrica de produtos químicos na qual trabalhava até a fábrica da baralhos. Rápido, simples e limpo, além de que o disfarce como o procurado Capuz Vermelho apagaria seu nome dessa sujeira.

E no presente, Jim Gordon está prestes a fazer um tour pelo inferno com insanidade aos baldes incluída no pacote. O anfitrião possui uma teoria simples: o que separa uma pessoa comum de um insana é apenas um dia ruim, um dia bem ruim na verdade.  O convidado de honra é a prova, ou será em breve, afinal, com abusos físicos, mentais e morais embalados com uma musiquinha, lisergia e um show de fotos da sua filha sangrando após ser baleada na barriga sendo estuprada qualquer um ficaria louco, concordam?

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Bem, não precisa ser exatamente assim. Não precisou ser exatamente assim. De volta ao passado, nosso herói trágico está decidido, será uma vez só, nunca mais cometerá um crime na vida, vai ser um bom dinheiro para começar uma nova vida com a esposa e o futuro filho! Bem, a idéia era essa. Um curto circuito causado por um aquecedor de mamadeiras mata a esposa de nosso protagonista, que nesse ponto já não pode mais voltar atrás com seus comparsas. Isso já é o suficiente para um dia ruim pra ninguém botar defeito, não precisa mais nada, já vai parar por aqui, certo?

Bem, digamos que cometer um crime é algo bem complexo. Nunca ter feito nada parecida na vida não ajuda nem um pouco, não querer fazer piora mais as coisas e possuir comparsas meia boca torna o seu objetivo um trabalho hercúleo. Ah, ia me esquecendo, rola por aí o boato de um louco vestindo uma roupa de morcego que anda pela cidade de noite e acha que pode fazer justiça sozinho. Então, o que temos? Dia, lugar, hora e pessoa errada no lugar errado. Simples, você não tem nada a ver com isso, fuja! Pule no lago! Espera, a fábrica de produtos químicos não joga seu lixo no lago?

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Agora permanentemente no presente. Gordon está mais pra lá do que pra cá, um trapo onde antes havia uma pessoa. E agora entra a diferença, aquele louco vestido de morcego. Chegando como um boiola cavaleiro solitário em socorro do desamparado, em vez de cagar na cabeça do cara que não precisava de mais nada pra estragar o seu dia. O confronto se inicia, talvez seja aquele derradeiro que foi anunciado no início disso tudo. E no final dos socos, um proposta. Cura, reabilitação, sanidade. Sanidade? Como um louco pode oferecer sanidade para outro louco? Qual é pior, o que assumiu a insanidade ou finge ser normal? É tarde demais… para os dois.

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Senhores, na minha opinião está aí a origem definitiva de um dos melhores personagens do Universo DC. Não novidade pra ninguém que eu não gosto e nem leio Batman, com exceção de Cavaleiro das Trevas as histórias que gosto tratam-no como coadjuvante, isso quando ele aparece. Apesar disso é inegável dizer que o Coringa é um dos vilões mais icônicos da cultura pop, chegando a eclipsar o herói muitas vezes (efeito Darth Vader).

Apesar da história ser aclamada por fãs do Batman e de quadrinhos de forma geral, Moore afirmou que esse é um dos trabalhos de que menos gosta. Foda-se, eu gosto e a arte tá do caralho. E recentemente a Panini em um dos seus acessos de “vou fazer coisa que presta” resolveu relançar essa pérola em formato de luxo por 20 reais (essa editora filha da puta tá me levando à falência só na pré venda). Enfim, mais do que recomendada a leitura, e se eu estou indicando algo do universo do Bátima é por que o bagulho é sério!

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