Juiz Dredd – Exílio

As coisas não vão nada bem para o bom juiz.

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Esse encadernado é uma sequência direta de Mutantes em Mega City Um, já resenhado aqui no site, e sendo uma continuação, spoilers quanto ao final dele são inevitáveis, então prossiga por sua conta e risco.

Apesar da boa intenção e motivo nobre, a reintegração da população mutante em Mega City Um não deu nada certo. Ataques a mutantes são constantes, a probabilidade de um mutante ser assassinado é quatro vezes maior que a de um cidadão comum, proporção na taxa de desemprego é ainda maior. Após a derrota da Juíza Chefe Hershell para o juíz e astro de reality show Dan Francisco, a migração de mutantes é cessada, e os responsáveis pela iniciativa acabarão pagando por suas ideias, e os dois principais nomes são Hershell e Dredd.

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Enquanto Hershell acaba pegando um cargo como agente penitenciária no presídio para juízes em Titã, Dredd é deslocado para coordenar e receber os novos moradores nas novas colônias mutantes situadas na Terra Maldita, o grande deserto radioativo além dos muros da megona. Pode parecer um motivo nobre, mas para o maior juiz de rua que já existiu, deixar de patrulhar a cidade é uma punição bem pesada. Além de Dredd, são enviados com ele mais quatro juízes indesejados e medíocres, além da juíza Benny, sua protegida, numa clara demonstração de perseguição.

Apesar de Dan Francisco ser o novo Juiz Chefe, o mesmo está afastado do cargo para cuidar da  saúde, sendo que o mesmo quase morreu em um tiroteio e só sobreviveu graças a ajuda de Dredd. No seu lugar, como um interino, está o juiz Sinfield. Francisco é um homem manipulável, um bom fantoche, mas de excelente índole, o mesmo não pode ser dito do manipulador Sinfield. Ao contrário do moderado Dan Francisco, Sinfield demonstra total desprezo pela população mutante, além de ser a favor de uma política mais linha dura, praticamente fascista, e não se incomoda em tirar do caminho todos que o atrapalhem.

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Uma de suas primeiras vítimas é Rico Dredd, clone de Dredd e, como o seu “pai” um dos melhores juízes a patrulhar as ruas de Mega City Um. O crime de Rico? Reprovar o clone de Sinfield no exame de rua, o que lhe garante também uma passagem só de ida para a Terra Maldita. Como Sinfield, um juiz medíocre, conseguiu colocar o seu material genético no programa de clones é um mistério. Porém esse é o primeiro sinal para despertar Dredd para o fato de ter algo errado. O Juiz Chefe substituto também pode estar com os dias contados, já que em sua empáfia ele resolveu desafiar o prefeito Byron Ambrose, que nada mais é o notório assassino em série P.J. Maybe.

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Exílio pega o alto nível de roteiro presente em Mutantes… e não deixa a peteca cair em momento algum. Como já dito antes, John Wagner possui um carinho e um cuidado diferenciados com sua mais famosa criação, o que garante histórias que transitam do muito bom ao ótimo. Quem está acostumado com os comics americanos pode estranhar a pesada carga de texto em algumas páginas, mas é sempre bom lembrar que as publicações britânicas, mesmo um medalhão como Dredd, possuem poucas páginas para serem publicadas em revistas que são grandes compilações, como é  o caso da 2000AD.

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Se John Wagner é a estrela solitária dos roteiros aqui, o mesmo não acontece nos desenhos, que conta com um time composto por Colin MacNeil, que desenha a maior parte da revista, Carl Critchlow, PJ Holden, Mike Collins, John Higgins, Hector Ezquerra e o outro pais de Dredd, Carlos Ezquerra. Dentre todos, talvez a arte que mais  case bem com o clima urbano e decadente das histórias é MacNeil, que mesmo não tendo um diferencial estético muito chamativo, acaba ganhando o leitor pela narrativa impecável.

A edição da Mythos, apesar do tamanho luxo (aquele um pouco maior que um encadernado capa dura comum) apresenta uma edição bem sóbria, características dos encadernados do Dredd que está saindo. A edição conta apenas com uma pequena galeria de capas, além de um prefácio bem curto. O acabamento está deixando um pouco a desejar, visto que a minha edição está com a contra capa descolando o papel interno, e convenhamos que pagar um preço alto pros caras economizarem na cola é um tanto absurdo.

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O preço original da publicação gira em torno de 80 reais, mas no momento  dá pra encontrar por 50. O segredo dessas  publicações é ou comprar na pré venda, garantindo um descontão show (20-15%), ou esperar passar  um bom tempo, conseguindo também um preço mais amigo mas arriscando ficar sem. Como dito, Exílio é uma ótima história, mas se você não comprou ou não leu Mutantes Em Mega City Um não faz sentido algum adquirir esse exemplar.

Godoka
11/04/2017