Como não amar The Room?

I DID NOT HIT HER… IT’S NOT TRUE… IT’S BULLSHIT… I DID NOT HIT HER… I DID NAAAAAHHHHT! OH HI MARK!

Olás lindezas, espero que todxs estejam bem.

Como teoricamente hoje sai o Tortura Cinematográfica com esse filmão da porra (spoiler alert) e eu não consegui participar (spoiler alert número 2), resolvi fazer esse post para falar da minha história com a obra. Tá certo que o episódio serve pra gente avacalhar os filmecos, então acho que um post seja a melhor forma de eu falar o que quero…. e sim, eu vou falar bem disso. Por mais incrível que possa parecer!

Enfim, dando um mínimo possível de informações (acho que o Vinnie vai cobrir isso muito melhor no podcast), The Room é um drama independente escrito, dirigido, produzido e atuado por Tommy Wiseau. O mesmo retrata a vida de Johnny, mais um cidadão desse mundão que tem suas aspirações, dúvidas, fraquezas, alegrias e consegue cativar todos à sua volta. No plot, Johnny está prestes a casar com a mulher de sua vida, Lisa, além de possuir o apoio de amigos inseparáveis, como Mark e Danny.

https://www.youtube.com/watch?v=EE6RQ8rC8hc

Isso é o básico. E nessa altura do campeonato, imagino que muita gente conheça sobre esse filme. Especialmente por ele ter ganhado a maravilhosa alcunha de “O Cidadão Kane dos filmes ruins”. A história é confusa, há erros de continuação, atuações precárias e todo um climão magnífico de amadorismo.

E aí é que vocês, carxs coleguinhas, perguntam: “Mas se o filme soa tão desastroso assim, como é que você gosta tanto dele?”

Pois bem, tecnicamente, The Room é lamentável em todos os aspectos. Quer um exemplo do que estou falando antes de continuarmos? Dêem uma olhada nesse video abaixo. É alguém filmando a reação da galera quando estão assistindo o filme no cinema:

Viram só? Agora reparem que o video é de 2010. E o filme é de 2003. Sim…. 7 fucking anos e as pessoas ainda vão assistir ele no cinema sempre que está em cartaz em alguma sessão cult da vida.

Claro que a maioria vai pela zueiragem em si (não vou mentir, eu ri todas as, sei lá, 7 ou 8 vezes que assisti o filme), o que não significa que não estão assistindo o filme. Sabe aquele ditado do “falem bem ou falem mal, mas falem de mim”? Pois bem, Wiseau desejou que esse filme fosse lembrado pela eternidade. E ele está conseguindo isso.

Voltando lá pro raciocínio anterior, eis o porque eu gosto tanto de The Room (e consequentemente de Wiseau e companhia): O cara fez um filme que, simplesmente, ganhou o mundo todo. Apenas isso. Ele começou do zero em um puta ambiente escroto, seletivo e injusto, a indústria cinematográfica, e ainda assim conseguiu financiar seu trabalho, produzi-lo e entregá-lo. Não estou aqui para criticar a escrita do cara ou a profundidade da história contada, estou aqui para apresentar um cara que tinha um objetivo e não parou até conquistá-lo.

Esse é o tipo de história que costumamos acompanhar em nosso dia-a-dia, nossos familiares, colegas, nós mesmos nos desdobramos para tentar alcançar um objetivo maior. E Wiseau fez isso. Desde que vi o filme pela primeira vez, fiquei fascinado com tudo aquilo que me foi apresentado. Pesquisei a história de Wiseau, as motivações dele e entendi que The Room é um filme sobre limites. E nosso querido diretor conseguir superar o dele (mesmo que de uma forma um tanto quanto desastrada demais).

Dessa forma, sempre que assistia eu estava junto com Wiseau, rindo dele, com ele e para ele. Eu estava apreciando a obra da vida de uma pessoa.

E isso, queridxs, é uma coisa que me deixa muito feliz. Poder apreciar a arte feita por alguém e compartilhar de sua dedicação não tem preço. Falo isso, especialmente, por estar diretamente envolvido nesse meio “artístico”.

Enfim, depois de tudo o que eu disse (ou tentei dizer) aqui, da próxima vez que você assistir The Room, ria, ria com gosto, chore de rir, mas lembre que você está rindo junto com Wiseau, O cara por trás disso. E depois de tudo, seja grato (assim como eu sou) pelos muitos minutos divertidos que foram gastos.

Somente como um bônus: Se você também curte a obra, está pra sair (ou já saiu, não sei) um filme do James Franco e Seth Rogen sobre os bastidores da gravação do The Room. Sabe o Mark do filme original? Então, ele escreveu um livro contando como foi ser um amigo de Wiseau e participar de um dos filmes mais icônicos de todos os tempos, o que gerou essa adaptação (maravilhosa por sinal) pras telonas. Um monte de atores famosos fazem algumas participações no filme. Vale a pena ver.

Lembrando que The Room tem muito conteúdo criado pelos fãs, desde um jogo point and click maravilhoso, até homenagens com cenas refeitas, re-interpretações, dublagens e por aí vai….

Muito obrigado mesmo por me acompanharem até aqui! Peace <3.