Cavaleiro da Lua – Lunático

EU NÃO TÔ LOUCO NÃO!

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Quarto encadernado, quarta dupla criativa. Dessa vez com roteiros de Jeff Lemire (gostando ou não do cara, ele foi contratado na Marvel com status de estrela) e desenhos por conta de Greg Smallwood, a loucura continua mas com uma nova reviravolta. E já são tantas que eu já estou até com dor de cabeça.

E se Marc Spector nunca foi um mercenário? E se ele nunca esteve mais morto que vivo ao  pés de uma estátua de Konshu e foi  transformado no Cavaleiro da Lua? E se ele nunca saiu de um instituto psiquiátrico e tudo não passou de uma invenção de sua mente adoentada? Pelo menos é isso que parece, após Marc acordar preso a uma camisa de força em uma cela acolchoada. Tudo não passa de um sonho, já que o rapaz está internado no hospício desde a infância. Suas personalidade múltiplas também foram invenções, assim como o vigilante, o milionário e o  taxista nunca existiram.

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Mas isso não explica o fato de todas as pessoas que marcaram as vidas que nunca existiram estarem também no hospício, ou explica? Talvez os rostos que o acompanham na instituição há anos acabaram lhe inspirando suas alucinações, mas isso não explica o fato de alguns deles também se lembrarem dessas vidas passadas. Aparentemente o único que possui explicações é Konshu, que o alerta que tudo na verdade não passa de uma artimanha de Seth para manter Marc longe do caminho, que o deus irmão de Konshu está  usando de magia para iludir e aprisionar o vigilante, mas quem vai acreditar em uma visão que  aparece para um louco apenas em sonho.

Talvez tudo o que Marc Spector precise para saber o que  realmente é verdade é um salto de fé. Um salto de fé para dentro de sua própria loucura.

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***

Sabe uma coisa chamada ordem cronológica? Esquece. Sério, se você não quem ficar pirado igual ao Spector, é melhor esquecer  qualquer ligação entre os encadernados. Existem muitos elementos em comum, como o visual de Konshu, o novo uniforme (roupa  branca social foda!) e mais uma parada qui e ali, mas a alta rotatividade de autores faz com que o clima e abordagem do personagem seja inconstante, assim como a história está quebrada. A impressão que ficou nesse quarto encadernado é que a quizumba está tão fora de controle que o Lemire aproveitou da loucura do personagem pra dar uma apagada e tentar recomeçar tudo. Não tá ruim, pra falar a verdade esse é o encadernado que chega mais perto do primeiro volume que ficou a cargo de Warren Ellis, só está confuso.

Essa não é a primeira passagem de Greg Smallwood pelo tíulo, ele desenhou  parte do run de Brian Wood ao lado de Giuseppe Camuncoli, que saiu aqui no segundo encadernado (e o pior em qualidade de roteiro na minha opinião). A  diferença daquela fase  para essa é sutil, mas notável, principalmente no layout das páginas. Com uma arte simples e com contornos bem carregados, Smallwood entrega páginas com narrativa bem feita além de alguns momentos de brilhantismo quando Marc se encontra em sonho com Konshu, usando uma técnica que deixa uma impressão sobre o produto final bastante, perdão pelo trocadilho, onírica. O trabalho mais que competente de Jordie Bellaire nas cores também ajuda muito nisso.

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Enfim, o quarto encadernado do Cavaleiro da Lua parece sinalizar um retorno à qualidade inicial que foi apenas levemente esboçada no volume anterior, mas sinceramente eu não sei mais o que esperar. Minha recomendação é que não comprem, eu mesmo só continuo comprando por teimosia.

Godoka
28/06/2017