Barraca dos Cartuchos – Gaiares, a jóia espacial desconhecida

Alguns anos atrás, eu tinha muito tempo livre e não sabia o que fazer com ele. Claro, algumas pessoas teriam procurado empregos ou ocupado seu tempo ocioso em busca de outras pessoas para fazer sexo. E outras não se incomodariam em arranjar parceiros para fazer sexo.
Eu não. Resolvi fazer reviews e postar em algum lugar. No caso, o fórum do Outerspace. Não me orgulho disso.

Não me olhem assim, todos, em algum momento já ficaram fuçando por lá ou fóruns semelhantes, ouvindo trolls e “istas”. Eu sei que vocês fizeram isso, não tentem me enganar.

Enfim. Naquele período escrevi sobre jogos antigos e entre eles um que considero clássico. Não acho que alguém mais pense assim. Não pela qualidade do jogo, mas pelo seu obscurantismo. O jogo em questão é um shmup, ou como chamam na rua de casa, jogo de navinha. O review que postei no fórum Outerspace era bem pequeno e superficial, essa é a “versão do diretor”.

Além de repostar e aumentar o texto, vou reescrever algumas partes, pois, sinceramente, não acho que ficaram boas. Sou um critico feroz de mim mesmo, feroz o bastante para ter sérias discussões comigo mesmo. Eu sempre perco.

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A HISTÓRIA

No ano 3000 a Terra se tornou um lixo tóxico, arrasada pelos humanos e se tornou uma desolação inabitável. Na verdade, parece uma previsão otimista das coisas. Vamos conseguir isso em bem menos tempo. MAS, terroristas espaciais, os Gulfer, liderados pela Rainha ZZ Badnusty (que nome foda, deve ser descendente de alguem do ZZ Top), planejam colher a poluição para criar armas de destruiçao em massa. O Aglomerado Estelar Unido de Leezaluth, governantes da galáxia, mandam um aviso para a Terra sobre os planos dos Gulfer. E um ultimato. Se os humanos não conseguirem deter os Gulfer, o Aglomerado seria forçado a tornar o Sol uma super-nova para impedir os terroristas. Mas, se tiverem sucesso, Leezaluth lhes dará um novo mundo, semelhante a Terra para migrarem.

ZZ Badnusty

ZZ Top Badnusty

É uma situação curiosa, quer dizer, os terroristas espaciais vão usar nosso lixo tóxico para matar incontáveis inocentes pelo cosmo. Mas acho que isso limparia nosso mundo conforme eles levassem o lixo. Pondo as coisas na visão dos nossos dirigentes atuais, os Gulfer seriam nossos aliados. “Vocês vão matar bilhôes? Ah, mas vão deixar nosso mundo limpinho.”

Só que os politicos do futuro tem altruismo (implantado geneticamente, só pode ser). E resolve lutar contra os terroristas. Mas como o custo de implantar altruismo nos seus politicos quebrou a economia, a Terra não tem mais condiçoes de sustentar uma campanha militar. A única chance é mandar um jovem piloto, Dan Dare. A sua nave é armada com uma poderosa arma experimental, o Sistema TOZ. O Sistema é operado por Alexis, uma emissária de Leezaluth. Ela deliberadamente apagou de sua mente as memórias de sua cultura para poder ficar na Terra e lutar ao lado de Dan, uma coisa que não entendo até hoje. Ela deve ter tido namoros muito ruins antes de conhecer Dan.

Dan

Dan

JOGABILIDADE

Gaiares é um jogo muito dificil, algo no nível de R-Type, ou mais dificil até em alguns pontos. E eu estou falando de coisa séria aqui. Não é incomum acabar levando um game over já na segunda fase. Prosseguir nesse jogo é uma questão de ter bolas de aço, como é comum em shmup de boa qualidade. Se você morreu é porque você errou. Não culpe a nave, seu bosta! Ela tem três velocidades, facilmente ajustáveis com um botão, e nem sempre é bom estar em velocidade total. Os controles são macios e a nave responde de modo excelente. Mas dificuldade insana não abate alguem que joga shmups. Eles preferem assim. SE, o jogo for bom. E Gaiares é.

Há 19 armas diferentes, cada uma com três níveis de poder, a aparencia e efetividade de cada arma varia com o nivel dela. E tudo depende do Sistema TOZ. Ao ver o satélite ao redor da nave logo se lembra de R-Type, mas na minha opinião o TOZ é muito mais criativo e efetivo.

É simples, o Toz é arremessado contra qualquer inimigo, até os sub-chefes, e absorve uma variação da arma daquele inimigo. Cada contato aumenta o nível da arma capturada. Apesar de muito boa, idéia nunca foi copiada totalmente até hoje, em Darius Gaiden dava para controlar os sub-chefes, em G-Darius e Macross: Scrambled Valkyrie do Snes dava para controlar pequenos inimigos e Einhander, do PSOne você pegava as armas dos inimigos.

E como o jogo é muito dificil, é necessario usar o TOZ controlado por Alexis o melhor possível. E é na escolha das armas que está o segredo desse jogo. É preciso um planejamento cuidadoso. Em pouco tempo você vai estar tentando lembrar qual inimigo dá qual arma e testando o TOZ em novos inimigos para ver novas armas. E ficando puto quando sua nova arma é uma porcaria comparada com a anterior. Acontece.

Alexis controla a TOZ

Alexis controla a TOZ

GRÁFICOS

Um dos melhores gráficos em shooters na geração 16-bits e muito bons até para a geração posterior. O primeiro nivel, com suas estrelas e o campo de asteróides é magnifico. E continua muito bom, com muitos ótimos efeitos, como submerção, hipervelocidade, sem sinais de slowdown ou quebra de gráficos. Isso no Megadrive. Se o seu colega tinha um SNES e ficava te jogando na cara os graficos fodassaralhos, mostrar Gaiares normalmente o calava. Isso ou um soco na boca. Os chefes são um espetáculo á parte, todos enormes e bem animados.

A primeira fase e seu belo campo de asteroides.

A primeira fase e seu belo campo de asteroides.

Um dos chefes. Uma sereia robô. Simpática.

Um dos chefes. Uma sereia robô. Simpática.

SOM E MÚSICA

Os efeitos e a música são excelentes, as músicas dos chefes em particular. Como provavelmente você vai ouvir muitas vezes, devido à morrer várias vezes, é bom que elas sejam de qualidade.

CONCLUSÃO

Esse é um jogo que qualquer amante de schups deve buscar, e os não amantes deveriam ver. Não é um jogo facil, mesmo assim a qualidade do titulo vai manter você preso à ele.

Eu não tinha um Megadrive na época e convenci meu primo a comprar esse jogo. Tinha visto um preview na defunta revista Supergame que, como era costume da revista na época, falava bem dele. Não que estivesse errada nesse caso. Mas vou ser sincero, o que me convenceu, e provavelmente também ao meu primo, foi a capa. A capa japonesa original, aquela lá em cima. Você sabe qual, a da mulher nua atrás da nave. Vai lá ver de novo, eu espero aqui.

Viu? Bom. Agora, se eu tivesse visto ISSO, a capa americana, estaria correndo até hoje.

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