Anthrax – We’ve Come For You All

Disparado uma das minhas bandas favoritas.Weve-Come-for-you-all

Nos primórdios do thrash metal americano,4 grandes bandas se destacaram das demais: Metallica, que se tornou a mais famosa e bem sucedida, Megadeth, que sempre contou com músicos muito técnicos e talentosos, Slayer, disparadamente a mais brutal, e o Anthrax, visto como muitos o patinho feio das quatros. Diferentemente dos  caras do Slayer, por exemplo, o Anthrax sempre adotou uma postura mais despojada, abrindo mão da pose carrancuda da maior parte dos headbangers da época. Além de um clássico absoluto da época (Among the Living), Spreading the Disease e State of Euphoria são álbuns excelentes.

Em 1992 a banda sofreu um grande baque com a demissão do vocalista Joey Belladona por divergências musicais. Pra assumir a responsabilidade, chamaram John Bush, na época vocalista do  Armored Saint (que talvez algum dia eu faça um post sobre). Pessoalmente falando, o vocal de Bush caiu como uma luva na nova sonoridade da banda, que abandonava um pouco suas raízes thrash e seguia uma vertente mais heavy metal, algumas vezes flertando com o rock. John Bush ainda é o meu vocalista favorito do Anthrax.

We’ve Come For You All, de 2003,  é o nono álbum de estúdio dos caras e o quarto (e último) com Bush nos vocais. Antes de falar d disco em si, uma breve consideração sobre como a banda estava na época: na merda! Pra não deixar muito resumido, as vendas do disco anterior (Volume 8: The Threat is Real) não haviam sido nada boas, até porque era um trabalho bem mediano, Dan Spitz, o guitarra solo da  banda também deu no pé, obrigando o Anthrax a ir atrás de um novo  guitarra solo, posto assumido por Paul Crook e posteriormente e definitivamente por Rob Caggiano.

Mas sem dúvida o episódio mais bizarro foi a dor de cabeça que a banda teve devido o seu nome após os atentados terroristas de 2001, os quais incluíram correspondências supostamente contaminadas com a bactéria Bacillus antracis, responsável pelo antraz. Em entrevista, o guitarrista Scott Ian brincou que a banda estava mudando seu nome para A Basket Full of Puppies (Uma Cesta Cheia de Filhotinhos), e houve gente que chegou a acreditar.

Mas voltando ao motivo desse post, We’ve Come For You All é um álbum acima de qualquer expectativa, metal e rock (em alguns momentos) da mais  pura qualidade. O disco abre com a curta introdução instrumental Contact, seguida pela porrada What Dosen’t Die, o melhor cartão de visitas que a banda poderia fazer. Superhero e Refuse to Be Denied mantém o ritmo no máximo, fazendo a tarefa de escolher um destaque nesse disco algo quase impossível.

Por mais que tenha causado certo espanto e estranhamento, a balada (?) Safe Home é uma daquelas músicas difíceis de se tirar da cabeça, e tem um dos melhores, senão o melhor solo de guitarra de todo o disco. Any Place But Here pode até começar com uma introdução calma e acústica, mas é uma uma porrada e tanto. A faixa seguinte, Nobody Knows Anything, é uma das minhas favoritas, e mostra como o batera Charlie Benante tava inspirado na época, e o porquê de ser considerado um dos melhores do estilo.

Strap It On traz a primeira participação especial do disco, com Dimabeg Darrel (Pantera, Damageplan) assumindo a guitarra solo e mostrando o porque de ter uma legião de fãs até hoje. Black Dhalia é de longe a faixa mais extrema do disco, causando até um certo estranhamento na primeira audição. Temos Dimebag novamente nos solos em Cadillac Rock Box, um rock foda pra ninguém botar defeito. Falando em rock, Roger Daltrey, vocal do The Who empresta sua voz para a banda em Taking the Music Back. Uma breve e estranha introdução e temos o encerramento do petardo com Think About an End e W.C.F.Y.A., garantindo um final mais que apropriado e carimbando o retorno em grande estilo de um gigante do metal.

O disco conta com duas faixas bônus, uma versão acústica de Safe Home, bonita mas que não acrescenta nada em relação à versão original, e um cover de We’re a Happy Family do Ramones, que ficou do caralho! A arte da capa ficou por conta de Alex Ross, que eu acho que dispensa apresentações, pelo menos  pra quem frequenta esse site. We’ve Come For You All mostra a banda inteira voando baixo, numa sinergia incrível. Também foi um disco que ajudou a galera fã de thrash esquecer aquela broxada que foi St. Anger, do Metallica, também lançado no mesmo ano.

https://www.youtube.com/watch?v=QvCKVyBaPBc