A Colônia

Não tinha um filme dos anos 90 com esse nome?

Peru, Índia e China, epicentros de um desastre de  proporções assustadoras. Após milênios adormecida,  uma espécie de aranha ressurge das profundezas da terra. Ávidas por consumirem tudo o  que encontram pela frente, essa espécie se comporta como uma sociedade, diferente das aranhas modernas e seu comportamento solitário. Tudo que se enxerga ao longe é uma enorme massa, um mar negro que devora tudo o que vê pela frente. Milhares de pessoas acabam mortas na Índia, a China resolve devastar metade do seu território com armas nucleares, ninguém sabe o que está acontecendo e como isso pode ser resolvido.

Um policial, uma entomologista especializada em aranhas, sobrevivencialistas em uma cidade esquecida por Deus, sismólogos, fuzileiros e a presidente dos Estados Unidos, todos tem as suas vidas afetadas de alguma maneira por esse apocalipse inesperado, todos tentam de alguma forma se salvar e proteger os seus, todos estão a mercê de algo tão antigo que não sobraram registros de como ser combatido. Cada um com uma história diferente, conectada pelos fios da teia do terror.

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Grande parte  das pessoas possui medo irracional de algo, e o meu é de aranhas. Não gosto de insetos em geral, mas de certa forma todos são encaráveis se eu estiver munido de chinelo ou vassoura, mas isso não é suficiente para as aranhas. Como eu detesto essas coisas repugnantes de oito patas, e talvez o filme Aracnofobia tenha ajudado bastante nesse medo. Consigo entender a importância desses seres na contenção de pragas urbanas, até consigo ver a beleza presente em espécies como a tarântula, mas qualquer avistamento de uma pessoalmente só vai gerar comportamento histérico e irracional.

Dito isso, era um tanto previsível que um livro sobre uma hecatombe por uma praga aracnídea devoradora de carne fosse o bastante para me deixar pelo menos sem sono durante alguns dias, mas não é o caso. Apesar da escrita simples, de fácil assimilação e um tanto rápida, o livro escrito pelo americano Ezekiel Boone é um tanto quanto sem graça. até mesmo previsível. Não tenho problemas com livros comerciais, até porquê o artista também tem que pagar boleto, mas nesse caso em especial, durante toda a leitura a impressão que fica é que a parada foi feita pensando em ser vendida para uma adaptação cinematográfica.

Tudo bem, é bom dar uma colher de chá por esse ser o primeiro livro do cara, mas aí eu me lembro que Dmitry Glukhovskiy estreou como escritor com Metro 2033, que ele escreveu aos 18 anos e o livro é simplesmente maravilhoso. A Colônia é o primeiro título de uma trilogia, que continua com A Expansão e Zero Day, esse último ainda sem versão para o português, e talvez isso também tenha estragado o livro, com um final aparentemente corrido ou feito às pressas e terminando completamente aberto no maior estilo fim de capítulo da novela das oito. Acho que é a primeira vez que não faço tanta questão de ir atrás da continuação de um livro.

A editora responsável pelo lançamento aqui no Brasil é a Suma das Letras, que executa  um trabalho na medida, simples e competente. Capa cartonada, papel pólen, nenhum extra além dos agradecimentos do autor nas últimas páginas. A arte da capa é bem chamativa, e na minha opinião bem acertada. No momento em que a resenha é escrita, o livro está saindo na Amazon por 21 golpinhos em versão física, bizarramente mais barato que na versão kindle (26 mangos). Acaba sendo um preço justo, visto que é um livro pra passar tempo, e não um clássico.

Godoka
20/02/2018