3% – Por Thomas Grotto

maxresdefault-1 Será que tem condicionador no Maralto?

Olá pessoal! Tudo bem com vocês?

Vamos falar hoje sobre a primeira série brasileira na Netflix?

Para quem não sabe, a série é baseada em um piloto FOOOOOOOODA lançado há bastante tempo no Youtube:

Esperta que só ela, a Netflix decidiu produzir a série. O resultado eu vi em um final de semana e agora gostaria de falar sobre minhas impressões:

Diferenças do piloto para a série

Acredito que a Netflix foi infeliz em algumas adaptações. No piloto a tecnologia é mais simples que na série, próxima da realidade atual e algo bem imaginável em um cenário pós guerra/apocalipse. Os figurino são básicos e neutros e pouco se mostra da ambientação. Já na série eles, entre necessidades de roteiro e desejo de construir o universo, optaram por mostrar muita coisa e isso acabou deixando um pouco a desejar. Esse era um dos trunfos do piloto, deixar espaço para a imaginação.

maxresdefault A gente é pobre, mas é limpinho

Elenco

Esse é o ponto fraco de 3%. O elenco é visivelmente influenciado pelo teatro e atuações, salvo exceções, lembram novelas da Record. No entanto, eu costumo pensar que sempre que quase o elenco todo não entrega uma atuação convincente é mais uma questão de direção do que de talento.

Figurino e maquiagem

Na série temos sérios problemas de caracterização dos personagens. Maquiagem e figurino deixam MUITO a desejar. Especialmente quando querem mostrar a pobreza. Gente, eu sou pobre mas sou limpinho!

3porcento2 Quem usaria essas roupas? Gente, nem o CGui!

 

E no inverno, como faz? Com aquele ventinho gelado entrando por ali… Tenso, hein?

 

O vilão assustador e a PUC do futuro.

Me julguem, mas esse vilão me deixou… atraído. E a roupa cai bem nele, especialmente a calça que mostra até o número do RG.

Enredo

Esse é um dos diferenciais da série. Apesar de muitas pessoas virem com mimimi de comparar com literatura infanto-juvenil de distopia futurista, 3% tem sim um enredo muito inovador. Certamente tem pontos que se sobrepõe com histórias que já conhecemos (assim como quase tudo que existe na atualidade), mas tem muita coisa bem elaborada no processo de seleção, nos conflitos dos personagens e no desfecho, que vou falar mais abaixo.

Personagens

Temos bastante oscilação nesse aspecto. Alguns personagens são ótimos, outros cheios de clichés, mas, no geral, eles são interessantes. A série comete o mesmo erro de muitas histórias atuais que é ter uma suposta protagonista chata e uma coadjuvante que rouba a cena. Joana é a melhor coisa da série e para quem a gente se pega torcendo na maioria das situações.

Desfecho

Esse é o ponto alto de 3%. É como se fosse o próprio processo de seleção. Se você superar as atuações ruins, o visual incômodo e a protagonista chata você é presenteado com um desfecho espetacular. O desfecho é tão bem bolado que nos contentamos tanto com a série acabando por aí ou sendo renovada.

A minha recomendação é que todos vejam a série. Façam esse esforço pela história e para apoiar a iniciativa da Netflix que produziu 3% sem ser obrigada (como é o caso das emissoras de gringas) e já tem mais produções brasileiras na sua linha de produção.

Abaixo farei um spoiler zone para justificar isso. Leia por conta e risco.

SPOILERS SOBRE O DESFECHO:

A purificação é uma ideia FANTÁSTICA! Basicamente quando as pessoas escolhem ir para Maralto após serem aprovadas no processo eles precisam abrir mão de ter filhos. Em uma sociedade que defende tanto a ideia de meritocracia faz muito sentido que se tenha chego a essa solução: você não poderá ter herdeiros ou herdar nada. Seus méritos terão que ser próprios. Não estou falando que é algo bom ou ruim, mas um recurso fantástico no roteiro. Outro ponto alto do episódio final é quando Joana está voltando para a favela após falhar no processo e ela recebida pela velha louca que dá os parabéns para ela por ter conseguido, ou seja, subvertendo a ideia do próprio processo e dando a entender que o lado de cá que é o lado bom de verdade.

Bom, é isso, vamos apenas parar um minuto para observar essa mala?

O vilão assustador e a PUC do futuro.

Como não amar?

Nota: 5, mas pega recuperação (episódio final) e passa de ano com um 7.

Tom
07/12/2016